Redação (27/02/07) – Mas um clima quase perfeito, sobretudo, deve garantir "produtividades americanas" para as lavouras do grão nesta safra de verão em algumas das principais áreas de cultivo do país. Fato que só favorece o Brasil num momento de forte demanda internacional – e cotações elevadas – para o milho por conta da "febre do etanol" nos Estados Unidos.
No Paraná, maior produtor de milho do país, a estimativa é de rendimento recorde para a cultura: 6.226 quilos por hectare, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria de Agricultura do Estado. O último levantamento da Conab indica produtividade média de 3.759 quilos nesta safra para o país. Nos Estados Unidos, na atual safra, a produtividade média é de 9,3 mil quilos.
Segundo Margoreth Demarchi, agrônoma do Deral, as colheitas nas principais regiões de produção do Estado apresentam, até agora, produtividade bem acima da média nacional, variando de 8 mil quilos a 8,5 mil quilos por hectare nas regiões de Ponta Grossa e Toledo e de 9,5 mil quilos em Cascavel.
Em 2002/03, uma das melhores safras no Paraná e no Brasil, a produtividade média do milho ficou em 7.479 mil quilos em Cascavel, em 7.231 mil quilos em Toledo e em 6.697 mil quilos em Ponta Grossa, de acordo com o Deral.
Ela pondera que ainda não é possível afirmar se os rendimentos vistos até agora serão a média dessas regiões, já que fatores climáticos podem interferir. As chuvas recentes, por exemplo, além de atrasar a colheita podem resultar também nos chamados grãos ardidos, que têm menor peso.
A produtividade estimada para todo o Estado considera uma produção média de 8,2 milhões de toneladas, numa área de 1,317 milhão de hectares, 13% menor que em 2005/06. Se confirmada, a produção será a terceira melhor já registrada, só atrás de 2000/01 e 2002/03, conforme o Deral.
A agrônoma explica que, após duas safras afetadas pela seca, a produção de milho de verão voltará a ter maiores rendimentos no Paraná graças ao clima favorável. "Houve chuva no tempo certo, temperaturas altas e chuvas no período do florescimento do milho".
Além do clima favorável, o investimento em tecnologia se manteve entre grande parte dos produtores, acrescenta Antonio Carlos Ostrowski, supervisor de assistência técnica da Coamo. "O produtor continua utilizando NPK [fertilizante à base nitrogênio, fósforo e potássio], cobertura e sementes de alta tecnologia", afirma Antônio Carlos Campos, gerente da área agrícola da cooperativa Batavo, em Carambeí.
O produtor Roberto Bührer, que cultiva milho em Ponta Grossa e Teixeira Sales, na região paranaense dos Campos Gerais, é um dos que têm produtividades similares à média dos americanos. Ele colheu 10% dos 250 hectares que plantou e tem obtido rendimentos de 10,2 mil quilos por hectare. "A produtividade deve se manter nesse patamar, já que só milho precoce foi colhido até agora, e essa variedade não costuma ter produtividade tão boa", prevê.
Na região da Batavo, cooperativa onde Bührer entrega sua produção, as primeiras lavouras colhidas apresentam rendimento acima de 10,5 mil quilos por hectare. "Voltaremos aos patamares máximos de produtividade, com médias de 9 mil quilos por hectare", diz Campos, gerente da área agrícola.
Uma produtividade média de 9 mil quilos por hectare também é esperada na região da Coopavel, em Cascavel, onde a colheita atingiu 50% da área de 60 mil hectares até a última semana. De acordo com Sérgio Dalla Costa, gerente de compra de insumos da cooperativa, essa média só não será alcançada se a chuva gerar grãos ardidos. Na safra passada, o rendimento médio na região da Coopavel foi de 7,8 mil quilos.
No centro-oeste paranaense, onde está a Coamo – maior cooperativa do Estado – a produtividade das lavouras colhidas até o dia 15 passado indicavam um rendimento médio de 7.450 quilos. Segundo Ostrowski, agrônomo da Coamo, os cálculos consideram os 35% da área colhidos até agora e a previsão referente ao que será retirado das lavouras. Depois de um rendimento de 6.200 quilos em 2005/06, a Coamo deve registrar, nesta safra, sua melhor produtividade para o milho, prevê o agrônomo.
As produtividades elevadas no Sul do país, principalmente, dão um alento às integrações de aves e suínos, consumidoras de milho. Ainda que os preços tenham subido mais de 35% no mercado internacional e quase 5% no doméstico (Estado de São Paulo) desde outubro passado, segundo cálculos da consultoria Céleres baseados nas médias mensais do intervalo, a expectativa é de uma boa oferta de milho no mercado doméstico, o que garantirá a competitividade da carne de frango e suíno brasileiros diante dos concorrentes.
Entre as integrações há estimativas de que a safra de verão mais a safrinha possam alcançar 50 milhões de toneladas. A previsão da Conab é de 35,6 milhões na safra de verão e 12,3 milhões na safrinha.