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Fatores de risco relacionados à reprodução de suínos

<p>Confira artigo do Dr. Armando Lopes do Amaral, biólogo, M.Sc., laboratório da sanidade animal, técnico de nível superior I da Embrapa Suínos e Aves.</p>

Redação (23/02/07) – A produtividade de um rebanho de suínos está diretamente associada à eficiência reprodutiva, medida pelo número de leitões produzido por fêmea por ano. O desempenho reprodutivo insatisfatório pode estar relacionado à agentes específicos como, por exemplo, a parvovirose ou por falhas reprodutivas de caráter multifatorial, provocadas por fatores ligados às condições de ambiente, de higiene, de nutrição e de manejo a que os animais são submetidos. Assim, o diagnóstico dessas falhas de origem multifatorial é complexo, necessitando de uma avaliação abrangente de todo o sistema de produção. Uma das formas de detectar os pontos de estrangulamento é através de estudos ecopatológicos onde os fenômenos ocorrem espontaneamente. A ecopatologia é uma área da epidemiologia que estuda as doenças e suas relações com o ecossistema em que os suínos são criados, cujos dados são observados e registrados nas próprias criações. Esse procedimento é denominado de estudo observacional. Nesses casos, os fenômenos patológicos surgem espontaneamente, sem nenhum artifício e independem da vontade do homem, diferindo dos estudos experimentais convencionais, onde, na maioria das vezes, as variáveis são definidas previamente. Estes estudos ecopatológicos objetivam a identificação de fatores de risco que, por definição, representam características do indivíduo ou do seu ambiente que uma vez presentes, em um dado sistema de produção, aumentam a probabilidade de aparecimento e ou agravamento de determinado problema ou doença.

Em estudos ecopatológicos realizados na fase de reprodução de suínos foram identificados vários fatores de risco que interferem no tamanho da leitegada, apresentados a seguir com suas respectivas recomendações:

– febre no dia da cobertura e nos quatro dias subseqüentes (temperatura retal superior a 39,5C). Recomendação: evitar infecções que cursam com febre no período de cobertura e alojar as fêmeas em local com temperatura ambiente menor que 28C no primeiro mês de gestação;

– soroconversão para parvovirose o que indica infecção ativa. Recomendação: seguir um programa rigoroso de vacinação das leitoas e das porcas contra a parvovirose;

– infecção urinária. Recomendação: manter bom programa de controle de infecção urinária, principalmente com relação ao fornecimento de água (quantidade e qualidade) e higiene nas fases de cobertura e parto;

– intervalo parto-cobertura menor que 28 dias. Recomendação: não realizar o desmame com menos de 21 dias de idade;

– intervalo desmama-cobertura maior de seis dias. Recomendação: fazer diagnóstico de cio das porcas com um macho adulto a partir do dia seguinte após o desmame;

– na produção de suínos para abate, o uso de fêmeas puras. Recomendação: usar fêmea cruzada (F1) filhas de mães com bons antecedentes reprodutivos, adquirir fêmeas de reposição de linhas que produzem leitegadas grandes (> 11,0 leitões) e manter no plantel fêmeas com bom histórico reprodutivo (média > 11,0 leitões por leitegada);

– macho com histórico de baixa produtividade. Recomendação: medir a produtividade dos machos e manter no plantel somente aqueles com produtividade acima de 11 leitões por leitegada, não sobrecarregar o uso do macho (máximo de cinco montas por semana) e usar o macho em boas condições de aprumo e sem lesões de cascos;

– fêmeas magras na cobertura. Recomendação: fornecer ração à vontade durante a lactação para garantir um bom estado corporal das porcas ao desmame, com escore 3, numa escala de 1 (muito magra) a 5 (excessivamente gorda);

– problemas locomotores nas fêmeas (quando menos de 50% das porcas estão em pé uma hora após o arraçoamento). Recomendação: prevenir lesões de cascos e problemas de aprumos, mantendo as instalações sem umidade e piso pouco abrasivo sem ser escorregadio;

– duração da cobertura inferior a quatro minutos. Recomendação: ter um local de cobertura adequado (limpo, seco, com cama e de formato arredondado), realizar a cobertura no momento certo em que a fêmea permanece totalmente imobilizada, usar o macho compatível com o tamanho da fêmea, não usar macho com problema locomotor e evitar maus tratos com os machos e as fêmeas (conduzi-los com tábuas e/ou portões de manejo).

Na prática, os fatores acima relacionados não devem ser visualizados individualmente, mas, sim, em conjunto, com o objetivo de obter altos índices reprodutivos. Numa mesma criação, mesmo com bons resultados reprodutivos, existe uma grande variabilidade no desempenho reprodutivo entre as fêmeas do plantel. Por isso, a importância de anotações e gerenciamento dos dados para tomada de decisão.

Em granjas que não estão atingindo índices reprodutivos satisfatórios, recomenda-se avaliar todos os fatores de risco acima relacionados e, posteriormente, implementar estratégias para corrigir aqueles deficitários.