Redação (07/02/07) – Estudo da AgraFNP mostra que, no caso do milho – principal matéria-prima do etanol nos EUA e cujas cotações internacionais estão em franca elevação -, a Taxa Interna de Retorno (TIR) está entre 5% e 6%. Para a soja, cujos preços no exterior têm subido a reboque do milho, os percentuais variam de 7% a 12%, enquanto na cana estão entre expressivos 14% e 17%.
O cálculo do milho (safra de verão) leva em conta custos para alta tecnologia e fluxo de caixa da região de Catalão (GO). Envolve um parque de máquinas projetado para 2,5 mil hectares e um período de análise de 20 anos, e prevê custos com compra da terra e venda ao fim do período. As contas da soja consideram a região de Rondonópolis (MT) e levam em conta características similares.
A equação da cana é diferente. O horizonte também é de 20 anos, mas leva em consideração o Estado de São Paulo – fundamentalmente a região noroeste -, um módulo de 20 mil hectares e uma usina integrada. Sem a usina, a TIR pode, no momento, ser até um pouco maior.
Fornecidas por José Vicente Ferraz, diretor-técnico da AgraFNP, as taxas também são positivas para pecuária bovina de corte, eucalipto e laranja. Mas os cálculos confirmam, principalmente, que a febre do etanol pode acelerar a recuperação dos produtores de grãos após dois anos de crise de renda sobretudo no Centro-Oeste – desde que o negócio seja tocado com competência e responsabilidade.
A crise foi particularmente complicada para os sojicultores, mas, a partir do impulso proveniente do milho – e apesar de fundamentos atuais “baixistas” para as cotações -, as perspectivas são positivas. Inclusive no longo prazo, e neste horizonte já em virtude dos próprios fundamentos desse mercado, que tendem a mudar com o avanço do plantio americano de milho.
Em evento organizado pela IBC e pela AgraFNP ontem em São Paulo, Silmar César Müller, presidente da Agrinvestor Consultoria, observou que a soja passou da euforia à depressão, e que agora a euforia começa a renascer. Na bolsa de Chicago, as cotações já estão acima de US$ 7 por bushel, acima das médias históricas, apesar da oferta crescente e dos estoques recordes. Nos EUA, maior produtor global, a relação entre estoques em consumo estão em 18,8%, um recorde. Segundo ele, a relação já deve cair para 11,4% no ciclo 2007/08, com a migração dos produtores para o milho, e há quem acredite que ela pode voltar a se aproximar do nível da safra 2003/04 (4,4%) se o clima não favorecer as lavouras do país.