Redação (05/02/07) – Em 2006, o Estado comercializou com países do bloco US$ 556,4 milhões, 28,6% a mais que no ano anterior. Em comparação, as exportações brasileiras para esses países aumentaram 18,9%. Um dos produtos que impulsionaram esse aumento no Estado foi a carne suína. Os negócios com Paraguai, Argentina e Uruguai saltaram de US$ 8,8 milhões em 2005 para US$ 32,5 milhões no ano passado, 269% a mais.
Refrigerantes e congelados e papel cartão foram outros produtos catarinenses que registraram aumento nas vendas para o Mercosul: 57% e 47,8% respectivamente. Os dados da Fiesc apontam ainda que a Argentina continua sendo a maior importadora de produtos catarinenses no bloco, com US$ 395 milhões. O comércio com o Uruguai cresceu 40%, com US$ 78,1 milhões. Em contrapartida, Santa Catarina também aumentou a importação desses países. No ano passado, foram US$ 833,7 milhões, cerca de 26% a mais que em 2005.
Um dos principais motivos para as exportações maiores foi o redirecionamento dos negócios com carne suína para o Mercosul devido ao embargo russo. Segundo Losivânio de Lorenzi, vice-presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), o Mercosul é o maior mercado para as carnes catarinenses hoje.
E não é apenas isso. Com o interminável embargo, a Rússia deve se tornar a segunda opção para as empresas catarinenses. De Lorenzi afirma que a tendência para 2007, é que as empresas passem a destinar a produção para um número maior de países como estratégia para evitar problemas caso a exportação para algum país seja comprometida, como ocorreu com a Rússia.
A diversificação de mercados já tem alvos definidos: Japão e vários países da Europa. O vice-presidente da ACCS diz que o setor espera que em maio, quando a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) divulgará os laudos das auditorias no Estado, Santa Catarina consiga a importante certificação de zona livre de febre aftosa sem vacinação. O do- cumento será a chave para os suínos catarinenses entrarem no Japão e nos países europeus. “O Japão compra cerca de US$ 4,5 milhões em carne suína. Se conseguirmos vender 10% do total, está ótimo”, afirma. Em 2007, a expectativa é que o setor retome a velha forma, que começou a ser perdida nos idos de 2005.
Mercado interno
Com a queda nas exportações, houve um excesso de carne suína no mercado interno. Para evitar que os preços caíssem ainda mais e os frigoríficos ficassem com estoque enca- lhado, a ACCS fechou parcerias com redes de supermercados em Santa Catarina para realizar promoções a fim de incentivar o consumo. Além disso, os frigoríficos passaram a oferecer cortes menores, mais práticos para o preparo. E deu certo. De Lorenzi diz que não há sobra de carne suína no mercado interno. Ações no sentido de incentivar o consumo da carne devem continuar sendo realizadas, mesmo em períodos em que o setor não esteja enfrentando problemas.
Embargo russo afetou cadeia da suinocultura
Dados da ACCS apontam que as exportações dos frigoríficos catarinenses caíram no comparativo entre 2005 e 2006. De 260,7 mil toneladas em 2005, Santa Catarina exportou 172,3 mil toneladas no ano passado. O principal motivo foi mais uma vez o embargo russo. Com a queda nas vendas para o país, as exportações foram afetadas, já que a Rússia era o maior comprador da carne suína produzida no Estado.
Segundo o vice-presidente da associação, em 2005 Santa Catarina enviou 182,5mil toneladas de carne suína para a Rússia, enquanto que em 2006, o vo- lume foi de apenas 34,2 mil toneladas. Ao mesmo tempo, as exportações brasileiras tiveram queda de mais de 15%: das pouco mais de 625 mil toneladas em 2005 para 528,2 mil toneladas em 2006.
Apesar da queda nas vendas do produto catarinense no exterior, a soma das exportações do Rio Grande do Sul com Santa Catarina foram cerca de 8 mil toneladas maiores em 2006, o que significa um aumento de quase 2%. Isso ocorreu porque as exportações gaúchas de carne suína passaram de 69 mil toneladas em 2005 para 231 mil toneladas no ano que passou.
Entre os motivos do aumento, segundo De Lorenzi, estão a compra de suínos catarinenses para abastecer o mercado interno gaúcho e exportar o que antes era consumido no Rio Grande do Sul. Alguns frigoríficos que possuem unidades nos dois Estados também poderiam estar exportando suínos catarinenses pelo Rio Grande do Sul.