Redação (26/01/07) – Segundo levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), neste período, a maioria das ocorrências está nos municípios da região sul do Mato Grosso do Sul e no Paraná, totalizando 77,4% dos casos no período.
Esse quadro começa a preocupar o setor de soja, ainda mais depois das previsões divulgadas nos Estados Unidos pela Meteorlogix, empresa especializada em informações sobre o clima para o agronegócio. Segundo a companhia, a safra brasileira de soja pode ter prejuízos se as chuvas continuarem em fevereiro. O tempo úmido favorece a ferrugem. Não há indicações de que as chuvas estejam diminuindo, afirmou Joel Burgio, meteorologista sênior da empresa, que tem sede em Lexington, Massachusetts. Estamos preocupados com essa situação, garantiu.
A ferrugem também está fazendo com que fabricantes de fungicidas aumentem a oferta de produtos. A Bayer CropScience, por exemplo, desenvolveu o Atento, um fungicida que atua nas sementes da soja para aprimorar o combate à doença. O produto tem lançamento previsto para este primeiro semestre. Na mesma linha, a Basf vai lançar, ainda neste ano, novos produtos no combate à ferrugem.
Mais chuva:
Para Alceu Riquetti, pesquisador da unidade de soja da Embrapa, a chegada das chuvas no final do quarto trimestre do ano favoreceu o desenvolvimento da doença. A previsão é de chuva constante para os próximos dias no Mato Grosso do Sul e no Paraná, diz.
De acordo com o pesquisador, o Paraná lidera o ranking de número de focos da doença nesta safra, com 508 registros. O estado do Mato Grosso do Sul vem em segundo lugar, com 216. Ao todo, já foram identificados na safra 2006/07 936 ocorrências da ferrugem em 12 estados brasileiros. Na safra 2005-2006, esse número foi de 1.359 focos.
Segundo Gerhard Bohne, diretor executivo da Bayer CropScience, a atual situação é bem diferente daquela que se viu na safra de 2005/06. Na safra anterior, tivemos uma estiagem muito grande no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Esses estados registraram poucos casos da ferrugem se comparados aos demais. Agora é o inverso, ambos são responsáveis por boa parte das ocorrências nos últimos dias, diz.
Bohne afirma que o combate à praga deve ser feito de maneira planejada e acompanhado por especialistas.
Se você perde a primeira aplicação, o dano na colheita é irreversível. Além disso, existem diferenças de manejo entre uma aplicação e outra, que só um especialista pode orientar. Mas o mais importante é entender que, antes de tudo, o combate à ferrugem deve ser preventivo, lembra.
Sem perder tempo:
É com esse conceito de tratamento de fungos que a Bayer desenvolveu o Atento. Com ele, o produtor consegue combater a ferrugem desde o princípio, antes mesmo de fazer o plantio. Entretanto, isso não descarta as pulverizações periódicas. Trata-se de uma rede tratamento, onde uma ação não descarta a outra, conta Bohne. Segundo ele, o SOS Soja, programa da Bayer de monitoramento e identificação das doenças que afetam a soja, é fundamental no desenvolvimento de novos produtos.
Das 700 ocorrências de ferrugem registradas pela Embrapa até o dia 22, 46,4% foram identificadas pelo programa. No ano passado, o SOS Soja analisou 45 mil amostras, registrou o atendimento de 12 mil fazendas, envolveu 2.2 mil engenheiros agrônomos e monitorou 4 milhões de hectares de área plantada, o que representa 18% da área de soja plantada no Brasil, completa Bohne.
Na opinião de Fábio Dias, gerente de cultura de soja da Basf, o aumento das chuvas nos últimos dias nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul pode agravar ainda mais o surgimento da ferrugem. O volume de água foi grande e ainda pode chover mais. Além disso, neste ano teremos o El Nio que, sem dúvida, irá influenciar as lavouras, afirma. O executivo lembra que o combate à praga deve ser feito por vários fungicidas, que ajam em todos os estágios da doença.
Prevenir, não pulverizar:
Não basta pulverizar a lavoura uma única vez, tão pouco pulverizá-la várias vezes. Trata-se de uma praga difícil de se controlar. O melhor conselho ainda é a prevenção, tratar a cultura o mais cedo possível, completa Dias. Para auxiliar o produtor rural no diagnóstico das doenças foliares, como é o caso da ferrugem da soja, a Basf conta com o programa Minilabs, 450 unidades de monitoramento que detectam doenças que atingem as plantações.
Os Minilabs são equipados com lupas microscópicas capazes de aumentar a imagem da folha em 80 vezes e proporcionar a correta identificação dos sintomas de pragas, como a ferrugem. A partir do diagnóstico da doença, são apresentados os melhores procedimentos para combater seu avanço e também prevenir o aparecimento em futuras safras, afirma Dias. Segundo o executivo, a Basf irá lançar, ainda neste ano, novos produtos no combate à ferrugem.
As previsões de continuidade das chuvas no Centro-Sul do País autorizam essa ação dos fabricantes de fungicidas. Segundo a Meteorlogix, no período de três a quatro semanas os Estados de São Paulo, do Paraná e do Mato Grosso do Sul terão 7 polegadas (18 centímetros) de chuva, em comparação à média de 4 a 5 polegadas nos outros anos.