Redação (19/10/06) – Um leilão de créditos de carbono vai inaugurar o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), afirmou economista Virgilio Horárcio Gibbon, coordenador do Projeto de Implantação do MBRE na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), em um seminário realizado recentemente pelo Institute for International Research (IIR), em São Paulo. Gibbon informou que o lançamento do novo sistema de negociação deve ocorrer com a oferta de créditos de carbono por uma grande empresa que atua no Brasil, mas cujo nome ainda é mantido em sigilo.
O Mercado Brasileiro de Reduções de Emissões (MBRE) é iniciativa conjunta da BM&F e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), para desenvolver um sistema eficiente de negociação de certificados ambientais de acordo com os princípios do Protocolo de Kyoto. Nesse mercado, as empresas que diminuem a emissão de gases causadores do efeito estufa podem vender cotas de redução a empresas ou governo de outros países que não conseguiram cumprir suas metas estabelecidas pelo tratado. A intenção é criar no Brasil as bases de um mercado de créditos de carbono que seja referência para os participantes em todo o mundo.
O mercado está sendo implantado em duas fases. A primeira delas foi lançada em setembro de 2005 com a implantação do Banco de Projetos BM&F, que acolhe para registro projetos que deverão gerar Reduções Certificadas de Emissão (RCEs ou créditos de carbono) no futuro e que estejam validados segundo o rito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Também recebe o que se convencionou chamar de intenções de projeto – idéias parcialmente estruturadas para a condição futura de projetos validados no âmbito do MDL.
Nesse sistema, projetos e intenções de projetos são divulgados e ficam à disposição de interessados em oferecer financiamento ou adquirir os futuros créditos de carbono associados ao projeto. O Banco de Projetos BM&F está aberto também ao registro de intenções de compra. Um investidor estrangeiro pode registrar seu interesse, descrevendo as características do projeto procurado para adquirir os créditos de carbono.
A segunda etapa desse trabalho de organização do mercado de carbono será a implantação do ambiente de negociação de créditos de carbono nos mercados de opções, a termo e a vista. Essa é a fase que deverá ser lançada em breve com o primeiro leilão de créditos de carbono, segundo o economista Virgílio Gibbon.
No início, o mercado vai funcionar com a realização de leilões pré-agendados, pois não contará com um volume constante de créditos a serem negociados por meio de pregões diários, esclarece o coordenador. Mas a BM&F tem a pretensão de ser um grande banco de dados para toda a América Latina, com todos os projetos concentrados em uma única bolsa. Gibbon conta ainda que a idéia é criar uma bolsa global, com pregão eletrônico, para que os negociadores possam vender e comprar créditos de qualquer lugar do mundo.