Redação SI (31/08/06)- Avaliar os diferentes efluentes oriundos do sistema de tratamento biológico de uma granja suinícola, quanto à sua qualidade e aos seus reflexos no cultivo de pastagens agrícolas foi o objetivo de uma pesquisa de mestrado, defendida no dia 28 de agosto, pelo engenheiro civil Wagner de Oliveira, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NUPEA) da Esalq/USP.
Os resultados mostraram que a qualidade dessas águas residuárias sinalizaram teores físicos, químicos e microbiológicos que não atenderam as resoluções do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e a USEPA – 2005 (US Environmental Protection Agency). Também foram analisadas amostras de solo, que apresentaram parâmetros, com teores acima do preconizado para o Estado de São Paulo, exceto pelo elemento químico boro.
A pesquisa foi realizada em uma granja suinícola considerada modelo no Estado de São Paulo e com um sistema de tratamento de dejetos composto por um tanque de decantação e 06 lagoas de estabilização. No experimento foram avaliados o desenvolvimento das pastagens Brachiaria decumbens e Grama Estrela Cynodon plesctostachyum depois de irrigadas com os efluentes tratados (biofertilizantes).
Para a pesquisa foram analisados e selecionados os efluentes da entrada do tanque de decantação e da saída da lagoa 1 e 5, sendo considerados parâmetros físicos (pH, condutívidade, turbidez), químicos, microbiológicos e bioquímicos.
A aplicação desses efluentes ocorreu de forma mecanizada em cada subparcela das pastagens estudadas, onde mensalmente foram realizados os cortes (foto ao lado) para a avaliação de produção de massa seca e bromatológica do material.
Quanto à produção e à avaliação do crescimento das pastagens, observou-se que a produção de massa seca foi superior nos diferentes tratamentos, em relação à área onde não houve irrigação. Utilizando esse biofertilizante, verificou-se um incremento de 30% na produção.
Acesse : http://www.nupea.esalq.usp.br/efluente06.htm
Problemática ambiental Segundo Oliveira, a pesquisa revela que a prática do agricultor nem sempre é eficaz, porém resolve a priori os destinos dos efluentes, garantindo-lhe uma maior produtividade, mesmo que isso acarrete prejuízos ao solo pelo uso desse biofertilizante. Acredito que a maioria dos produtores de suínos não tem sequer a informação básica do nível de contaminação no meio ambiente acrescenta o pesquisador. Alem disso, ainda não existe uma legislação específica que trate dos efluentes da produção animal, por isso, Oliveira baseou-se em legislações mais gerais, como o CONAMA e a USEPA, cujas regras valem principalmente para o tratamento de esgotos e efluentes industriais, bem menos tóxicos que os da produção animal. O pesquisador enfatiza que o descaso com essa problemática ocorre pela carência de informações e a escassez de uma legislação nacional para balizar e controlar esse tipo de agressão ambiental. A pesquisa, intitulada como “Uso de água residuária da suinocultura em pastagens Brachiária Decumbens e Grama Estrela Cynodom Plesctostachyum“, foi financiada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). |