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Transgênicos: maior adesão no mundo é do Brasil

<p>Na safra 2005/06, a área de soja transgênica ocupada no Brasil foi de 9,4 milhões de hectares.</p>

 O Brasil é o país que apresenta maior adesão aos transgênicos no mundo. Nos últimos dois anos foram adicionados 4,4 milhões de hectares de lavouras geneticamente modificadas, segundo levantamento do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA).

     
Na safra 2005/06, a área de soja transgênica ocupada no Brasil foi de 9,4 milhões de hectares, de acordo com o ISAAA. Esse número mostra que dos 22,22 milhões de hectares cultivados com soja na safra passada 42% já são de variedades transgênicas, o que indica a forte adesão dos agricultores brasileiros aos avanços da biotecnologia.
     
A tendência de expansão do cultivo de transgênicos será mantida para o próximo plantio, pois é considera como uma das melhoras alternativas para reduzir custos e enfrentar a crise que atinge o agronegócio nas duas últimas safras, quando o agricultor se viu obrigado a economizar nos gastos com insumos para se manter na atividade.
     
As perspectivas em termos de custos não são nada animadoras, pois as promessas de investimentos em logística não saem do papel, o dólar se mantém pouco atrativo para as exportações e o preço do petróleo se mantém em níveis superiores a US$ 70 o barril. Mesmo com a redução prevista para a área plantada com soja na safra 2006/07, a expectativa é que os transgênicos mantenham sua expansão.
     
Ilegalidade Levantamentos não oficiais apostam que a soja geneticamente modificada deverá ocupar pelo menos metade da área semeada com o grão na próxima safra, motivada pela falta de sementes convencionais, que foram prejudicadas pelo clima, especialmente no Mato Grosso. A soja RR e o algodão BT são as únicas culturas geneticamente modificadas autorizadas a serem plantadas comercialmente, mas não serão as únicas a ampliarem seu espaço.
     
Mesmo que o cultivo de outras variedades algodão e milho signifique estar na ilegalidade, muitos agricultores garantem que precisão plantar outras culturas transgênicas para se manter na atividade. “A soja e o milho são culturas que não estão rentáveis, principalmente no Mato Grosso. O algodão é a única alternativa para fechar no azul a próxima safra, mas terá que ser transgênico”, afirma um produtor.
     
A exemplo do que ocorreu no caso da soja, a expectativa desses agricultores é que a pressão do setor funcione mais uma vez para que o governo e a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovem o cultivo comercial do algodão RR. A justificativa dada é que não faz sentido o Brasil proibir ou mesmo querer destruir o algodão transgênico cultivado de maneira irregular e ter que importar a pluma ou o óleo de caroço de algodão de outros países nos quais os organismos geneticamente modificados são liberados.
     
“Já vai faltar algodão este ano porque a safra será menor e as indústrias terão que importar. Se o governo mantiver a postura de querer destruir, como recomenda a CTNBio, o déficit será ainda maior”, afirma um produtor. O Ministério da Agricultura identificou que dos 845,3 mil hectares cultivados com algodão na safra 2005/06 no Brasil, pelo menos 18,02 mil foram semeados com sementes transgênicas RR, ou seja, variedade não autorizada.
     
A área representa apenas 2,13% do total, mas, considerando que o ministério vistoriou apenas 160,34 mil hectares em todo o Brasil – 19% do total – e que o cultivo é ilegal, a área é considerada elevada por muitos analistas e entidades contrárias aos transgênicos.
     
O avanço irregular do algodão transgênico no Brasil é uma resposta do setor agrícola à demora do governo em resolver a questão. A exemplo da soja geneticamente modificada, que foi contrabandeada da Argentina e liberada apenas em 2002 por pressão dos produtores, o algodão segue o mesmo caminho.
     
Agricultores do Mato Grosso dizem que não têm dificuldades em trazer as sementes ilegais da Argentina, dentro das próprias bagagens, e cultivá-las irregularmente no Brasil. “Não somos favoráveis ao cultivo de sementes piratas, mas já pedimos à CTNBio que priorize a liberação das variedades comerciais”, afirma Ywao Miyamoto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem).
     
O Greenpeace, uma das Organizações Não-governamentais mais ativas no combate aos transgênicos, já demonstra preocupação com avanço de outras culturas, como algodão e milho. “A partir de agora olharemos para o avanço de outros produtos para exigir que a lei seja cumprida. No caso da soja, continuaremos o nosso trabalho de conscientização junto aos consumidores”, afirma Ventura Barbeiro, coordenador do trabalho de campo da campanha de engenharia genética do Greenpeace.
     
Segundo Barbeiro, a Ong protocolou ontem na CTNBio um relatório mostrando que a contaminação causada pelo milho transgênico na Espanha causou grandes prejuízos para os agricultores daquele país. O relatório apresentaria resultados de testes de laboratório com amostras retiradas de campos de milho de 40 agricultores orgânicos e convencionais. O estudo comprovou a contaminação não intencional com transgênicos em quase um quarto dos casos.