Redação (29/06/06) – O favorito para assumir o cargo continua a ser o secretário-executivo Luís Carlos Guedes Pinto. Petista, ligado a movimentos sociais da reforma agrária, Guedes tem o apoio do ex-ministro José Graziano, atualmente sub-diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) na América Latina e Caribe. Estão no páreo das apostas de bastidores os secretários Ivan Wedekin (Política Agrícola) e Linneu Costa Lima (Produção e Agroenergia). Ambos são muito ligados a Rodrigues, mas Linneu tem mais afinidades com o chefe demissionário. Wedekin é um especialista em assuntos complexos do setor financeiro e foi consultor de grandes companhias e entidades antes de assumir o cargo. Os dois têm experiência de gestão e administração. Como fatores para o favoritismo de Guedes, amigos e colaboradores de Rodrigues apontam seu perfil discreto e sua experiência na administração da máquina do ministério. Desde janeiro de 2005 no cargo, Guedes também adquiriu bom trânsito com lideranças e parlamentares do agronegócio. É visto como um especialista independente. Às vezes, porém, até demais.
Antes da Secretaria-Executiva, ele foi presidente da Conab. Logo após nomeado, em janeiro de 2003, confrontou os coordenadores políticos do governo por ter nomeado todos os superintendentes da estatal sem atender a critérios políticos. Foram nomeados apenas técnicos de carreira da companhia. O ministro demissionário prefere Guedes também por sua fidelidade e lealdade demonstradas num dos mais difíceis episódios para Rodrigues: a troca do então presidente da Embrapa, Clayton Campanhola, ocorrida em 20 de janeiro de 2005. Também indicado por Graziano, Campanhola decidiu focar a empresa de pesquisas para desenvolver tecnologias voltadas à agricultura familiar e aos assentados da reforma agrária, em claro desafio às diretrizes determinadas por Rodrigues. Guedes entendeu as razões do chefe e passou a defender a saída de Campanhola. Arrumou uma briga enorme com Graziano que lhe custou quase dois anos de boicote do amigo pessoal. Ambos não se falaram até a indicação de Graziano para a FAO.
Amigos e auxiliares alertam, porém, para o estado de saúde de Guedes. Debilitado por um tratamento de um câncer de próstata recém-diagnosticado, o secretário-executivo tem sentido os efeitos da doença nos últimos meses. Paulista de Vera Cruz, Guedes é agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), na mesma turma de 1965 do ministro Rodrigues.
Doutorou-se pela mesma universidade, em 1973. Em 1991, fez pós-doutorado na Universidade de Córdoba (Espanha). Além de professor da Unicamp, desde 1983, onde chegou a pró-reitor de Desenvolvimento Universitário, Guedes lecionou na Universidade Católica de Campinas e na Universidade de Brasília (UnB). Foi secretário de Agricultura de São Paulo e diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). No governo federal, foi assessor do Ministério da Agricultura e participou do processo de implantação da Embrapa, em 1973, da qual foi assessor e chefe do gabinete da Presidência. Guedes participou da direção de diversas ONG”s e foi presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), núcleo de resistência de petistas ligados ao tema.