Redação (25/05/06) – No pior momento da suinocultura brasileira desde o início dos embargos à carne por causa da febre aftosa, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ofereceu-se ontem para liderar nos próximos dias uma missão negociadora à Rússia. Rodrigues também deverá conversar, por telefone, com o primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkhov.
De lá para cá, várias tentativas foram feitas para reabrir o mercado russo para a carne suína brasileira. Até agora, porém, nada funcionou. Os russos fizeram dezenas de promessas, fixaram vários prazos, divulgaram avaliações negativas sobre o precário controle do governo brasileiro sobre a aftosa, mas não recuaram.
A tentativa de Rodrigues será uma última cartada para reduzir os efeitos do embargo. As cotações internas despencaram por causa da forte dependência brasileiras das exportações para a Rússia. O país compra 65% das vendas externas nacionais. “Temos que fugir dessa dependência, mas precisamos de apoio do governo para garantir a sanidade do rebanho brasileiro de bovinos”, disse o presidente da Associação Brasileiras dos Produtores e Exportadores de Carne Suína, Pedro de Camargo Neto. “Mas os suínos têm pago o pato da falta de controle sobre os bois”, criticou, durante Seminário da Cadeia Suína, ontem, em Brasília. Segundo ele, o risco é “totalmente” dos bovinos. “A Rússia não cumpre acordos. Precisamos de uma intervenção direta do presidente Lula nesta questão”.
Felipe Luz, secretário da Agricultura de Santa Catarina, se reuniu na Rússia com o vice-ministro russo da Agricultura, Sergey Mitin, ontem e não conseguiu aliviar a trava a seu Estado. Embora Luz não esperasse mesmo reverter a situação, alguns produtores de suínos depositavam esperanças na visita. “O assunto foi tratado e a receptividade foi melhor do que esperávamos”, disse Luz, que ofertou aos russos um acordo de cooperação técnica na área da suinocultura.
Em meio às tentativas para reabrir o mercado russo, os produtores voltaram a insistir na necessidade de o governo rever a legislação e aumentar as punições aos produtores que deixam de vacinar seu gado. “Temos que trabalhar com planos de contingências, reagir rápido aos focos de aftosa.”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, Rubens Valentini.