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Manifestações atingem quase todo o País

<p>Esta semana há uma série de reuniões entre os ministérios da Agricultura, Fazenda e Casa Civil para definir ações visando conter a crise no setor agrícola. </p><p></p>

Redação (11/05/06)- A disseminação dos protestos de produtores em dez Estados gerou preocupação no governo federal, que esta semana promove uma série de reuniões entre os ministérios da Agricultura, Fazenda e Casa Civil para definir ações visando conter a crise no setor agrícola.

“O presidente Lula determinou força total para que as coisas avancem rapidamente. Estou com esperanças renovadas de que tenhamos nesta semana coisas positivas e antes do fim de maio um Plano de Safra mais condizente com a realidade”, afirmou Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura.

Segundo Rodrigues, Lula definiu como “prioridade zero” a definição de mecanismos para equacionamento da crise. A determinação foi dada na noite de terça-feira, após reunião entre Lula e os ministros da Agricultura, da área econômica e Casa Civil. O ministro disse ainda que o governo deve concluir até amanhã um novo conjunto de medidas emergenciais ao setor.

O pacote terá medidas de caráter emergencial (para dirimir problemas relacionados às dívidas, custo de produção e preços) e ações estruturantes.

Uma das “medidas estruturantes” em estudo é a redução da carga tributária para produção de biodiesel no Centro-Oeste. “A idéia é tirar um pouco de soja do mercado para fazer biodiesel para consumo local”, disse Rodrigues. A medida ajudaria a reduzir a pressão sobre os preços da soja e baixaria custos dos produtores com diesel.

Na corrida para conter a crise, o governo também pretende adiantar, para o fim de maio, o anúncio do Plano de Safra 2006/07. “Lula quer um Plano de Safra que tenha como elementos fundamentais mais dinheiro e a custo mais barato”, afirmou Rodrigues.

O ministro observou que os protestos de produtores, caminhoneiros e entidades da sociedade civil refletem uma crise que já havia sido anunciada por ele a outras áreas do governo há meses. Mas só agora os outros ministérios têm a dimensão exata da crise.

A queda na rentabilidade do setor e o aumento das demissões no campo leva produtores a realizarem protestos em dez Estados. Santa Catarina e Minas Gerais também estudam iniciar ações nos próximos dias. No Mato Grosso, onde o movimento começou há três semanas, existem dez pontos de bloqueio em rodovias federais.

Homero Pereira, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), diz a paralisação de caminhões nas estradas começa a gerar falta de alguns produtos em 40 municípios do Estado. Os movimentos, segundo ele, devem se intensificar até sexta-feira, quando o setor se reúne novamente com o ministro da Agricultura.

Argino Bedin, produtor de soja em Sorriso (MT) e um dos participantes da mobilização, diz que no município já falta diesel há cinco dias. “Vamos continuar fechando as estradas e os movimentos serão cada vez mais radicais”, afirma.

Bedin planta 9,7 mil hectares de soja, e na região em que vive é conhecido como dono de uma das lavouras mais rentáveis do Mato Grosso. “Por causa do dólar, tive prejuízo nas últimas duas safras. Nas condições atuais, não voltarei a plantar soja”, diz Bedin.

Há estimativas de que só no Mato Grosso a área plantada de soja será reduzida em 3 milhões de hectares na próxima safra. No Mato Grosso do Sul, produtores mantêm bloqueios na BR-463.

Em São Paulo, a Associação Comercial de Guaíra comprometeu-se a fechar o comércio parte do dia a partir de segunda-feira em protesto. “Outros municípios da região também farão protestos”, disse José Eduardo Lelis, presidente do Sindicato Rural. Em Sorocaba (SP) também houve protestos.

No Paraná, a ferrovia que passa por Rolândia (PR) foi liberada na manhã de ontem (quarta) por decisão judicial. Os protestos continuam em todos os Estados. Em Sorocaba (SP), os produtores fizeram o enterro simbólico do Lula. Em Campo Novo dos Parecis (MT), trabalhadores de lavouras desempregados fizeram manifestações.