Redação (10/05/06)- A falta de um bom trabalho de comunicação e marketing sobre a carne brasileira está levando a uma rejeição crescente do produto no mercado internacional, em especial na Europa e nos Estados Unidos. Para o consultor Jean-Yves Carfantan, da Céleres Consultoria, apesar da exportação brasileira aumentar ano a ano, as vendas poderiam ser bem maiores caso houvesse uma preocupação com a imagem da carne no mercado externo.
A comunicação sobre a carne brasileira lá fora é péssima, critica o consultor, que ontem proferiu palestra em Cuiabá sobre A visão dos mercados importadores em relação aos produtos pecuários do Brasil, durante o Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec), que está sendo realizado até o dia 12, no Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá.
Segundo ele, a ausência de marketing para a carne brasileira atrapalha o crescimento do produto no mercado europeu. O produtor ainda não comunica o suficiente sobre a qualidade da carne produzida no Brasil e sobre as vantagens de se consumir a carne brasileira. Isso só limita as exportações, principalmente quando se sabe que na Europa o que se fala é que a pecuária brasileira é inimiga da floresta.
Carfantan lembra que na disputa pelo consumidor os concorrentes diretos do Brasil — irlandeses, alemães, franceses e ingleses — lançam mão de artifícios para prejudicar a imagem do Brasil, citando pecuaristas e frigoríficos como devastadores da floresta e exploradores de mão-de-obra infantil.
Lá eles associam esta idéia ao marketing para impor rejeição à carne brasileira, criando a imagem de que se alguém comprar o produto participa diretamente do desmatamento da Amazônia.
Campanha – Carfantan aproveitou para denunciar a campanha difamatória lançada na Inglaterra contra o Brasil para aumentar a rejeição à carne brasileira naquele mercado.
Os artifícios da campanha foram piquetes montados em frente à rede Somerfield, a quarta maior empresa do setor na Inglaterra, que vendia a carne produzida no Brasil. O pior é que o discurso propagado em panfletos e alto-falantes acabou convencendo muitos consumidores, comenta Carfantan. Eles abordavam as pessoas e diziam que se elas comprassem aquela carne estariam contribuindo para a devastação do meio ambiente na Amazônia.
Na opinião do consultor, o exportador tem que se comunicar com o consumidor. Precisamos construir a imagem de nossos produtos e mostrar que isso que eles mostram lá fora não é uma realidade. Segundo ele, os concorrentes europeus comunicam-se diariamente com os consumidores.
A comunicação é a arma para revertermos este quadro negativo criado pelos movimentos radicais, que direcionam seu foco à questão ambiental.
Para Carfantan, o Brasil é o único país exportador que pode aumentar suas vendas para atender a uma demanda crescente por carne. Os nossos concorrentes, por um motivo ou outro, estão fora do jogo e só resta ao Brasil ocupar este espaço.
Precisamos fazer uma boa comunicação visando reduzir as influências do discurso grotesco das Organizações Não Governamentais (ONGs) e dos movimentos radicais, mostrando que a pecuária brasileira respeita todas as regras de rastreabilidade impostas pelos europeus. Se preciso, vamos criar uma representação permanente do Brasil na Europa para manter um canal aberto e direto com os consumidores europeus e neutralizar os discursos de movimentos contrários ao nosso avanço, sugere.