Redação SI (17/03/06)- O auditório lotado durante o Seminário de Suinocultura na manhã de ontem (16) demonstrou claramente a importância que a atividade tem alcançado dentro do agronegócio. Cerca de 300 pessoas participaram do evento, considerado um dos destaques da Expodireto Cotrijal 2006.
Na abertura, o presidente da Cotrijal e da feira, Nei César Mânica, ressaltou que a suinocultura cumpre papel fundamental dentro do processo de diversificação das atividades da propriedade em busca de maior renda. “O seminário tem o objetivo de trazer informações para promover a atualização de conhecimentos do produtor, de forma que ele possa gerenciar com maior eficiência o seu negócio”, explicou.
Discutindo os principais gargalos da suinocultura e o que pode ser feito dentro da porteira para tornar a atividade mais competitiva, o evento teve como primeiro palestrante o diretor técnico titular do Departamento de Zootecnia da UFRGS, Antônio Mário Penz Júnior. Discorrendo sobre a importância da água na produção de suínos, ele enfatizou que alguns cuidados de manejo podem se converter em redução de custos e, conseqüentemente, melhores resultados. A água, segundo ele, ainda não é encarada como bem finito, havendo muito desperdício nas granjas em todo o mundo. “Se o produtor monitorar a qualidade, a quantidade e o fluxo da água, além de garantir maiores ganhos vai estar contribuindo para o futuro da humanidade”, afirmou.
O engenheiro agrônomo e diretor superintendente da Agroceres PIC, Fernando Antônio Pereira, falou sobre os fatores determinantes da competitividade da moderna suinocultura. Ele destacou que cabe ao produtor, nesse processo, a busca constante de novas tecnologias e de uma maior qualidade no manejo da atividade. “O mercado é um alvo móvel, está sempre mudando de direção, mas tecnologia é uma decisão do produtor”, salientou acrescentando que o Seminário de Suinocultura é importante porque chama a atenção dos produtores que não são tão receptivos ao avanço tecnológico ao mesmo tempo em que dá novas oportunidades aos que adotam rapidamente essas tecnologias.
Logo após, o veterinário e técnico da Perdigão, Guilherme Brandt, explanou sobre o tema “Circovirose da Teoria e da Prática”. Ele contou que a circovirose é uma doença emergente que está presente no cotidiano das criações de suínos no mundo. Segundo Brandt, ela manifesta-se em função de vários fatores: vacinas e desmame precoce, longos transportes, suplementos nutricionais, manipulações genéticas e através do estresse. “A repercussão da circovirose é traumática, principalmente pelo aumento de mortalidade e, por conseqüência, à perda econômica. Há relatos de granjas que encerraram suas atividades em virtude dessa doença”, disse o palestrante.
Encerrando o Seminário de Suinocultura, o zootecnista da Orbe Brasilis, Marcus Cazarré, conversou com os presentes sobre “Suinocultura e Sustentabilidade Ambiental”. Ele enfatizou os problemas ambientais no mundo, salientando as oportunidades que a suinocultura vem obtendo com o Protocolo de Quioto. “Nossa empresa está trabalhando com grupos de produtores para poder minimizar os investimentos e custos na propriedade. Muitos deles estão se mobilizando através de associações para se adequarem ao Protocolo”, frisou Cazarré.
Novos projetos na área de suinocultura
Uma audiência pública na manhã ontem, durante o Seminário de Suinocultura, deu início a um dos projetos mais audaciosos da Cotrijal na área de suinocultura. A cooperativa está oficializando com a empresa Orbe Brasilis um acordo para instalação de biodigestores nas duas Unidades Produtoras de Leitões (UPLs). O objetivo é fazer a captação de gás metano – altamente tóxico e um dos principais destruidores da camada de ozônio – para aproveitamento na geração de energia elétrica e/ou calor para aquecimento das creches, podendo ainda, haver venda do excedente.
Na avaliação do gerente da área de Produção Animal da Cotrijal, João Batista Chaise, o projeto atende as duas principais frentes exigidas em empreendimentos modernos: renda e preservação do meio ambiente. Ele informa que o processo de implantação dos biodigestores já iniciou e que a expectativa é de que esteja concluído no mês de julho deste ano.
O trabalho com suínos na Cotrijal começou em 1996 com o objetivo de levar mais uma renda ao produtor e sua família. Atualmente, são 3.800 matrizes nas duas UPLs em produção. Com a construção de uma terceira UPL ainda neste ano, serão ao todo 6 mil matrizes.