Da Redação 03/10/2005 – A multinacional americana ADM, uma das maiores esmagadoras de soja do mundo e com presença marcante no Brasil , confirmou na sexta-feira ao Valor que suspendeu as operações de sua unidade localizada em Paranaguá (PR). Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou que a suspensão é temporária e que a medida será reavaliada no início do ano que vem. Fontes do setor afirmam, contudo, que o encerramento das atividades da fábrica paranaense é definitivo.
Conforme a ADM, a suspensão reflete a quebra da produção de soja na região Sul do país na safra 2004/05, em virtude de uma prolongada estiagem. A multinacional informou, ainda, que seria inviável economicamente alimentar a unidade de Paranaguá com matéria-prima produzida em outros Estados, principalmente em razão dos elevados custos de transporte. Por esses mesmos motivos a empresa anunciou, em abril passado, a suspensão das operações da fábrica de Três Passos (RS), que permanece parada e que também terá seu futuro reavaliado no início de 2006.
Fontes do setor lembram que a ADM não é a única esmagadora com fábricas fechadas temporariamente no país. A conjuntura adversa para o setor neste ano levou outros grupos (Cargill e Bunge, por exemplo) a adotarem medidas semelhantes.
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Em Três Passos, a capacidade diária de esmagamento é de mil toneladas de soja por dia; em Paranaguá, chega a 1,3 mil. Com suas seis unidades brasileiras em funcionamento, a capacidade total da ADM no país chega a 12,5 mil toneladas diárias. As outras quatro fábricas estão localizadas em Rondonópolis (MT), Campo Grande (MS), Uberlândia (MG) e Joaçaba (SC). A maior delas – e maior do país – é a de Rondonópolis, que já foi duplicada duas vezes e hoje tem capacidade diária para 6,5 mil toneladas por dia. A última duplicação foi em 2004 e absorveu investimento de US$ 30 milhões.
Em encontro com jornalistas em março, a ADM deixou claro que sua estratégia de crescimento no Brasil está baseada na expansão dos negócios no Mato Grosso, que, apesar da crise atual que afeta o fluxo de caixa dos produtores, tem potencial para forte expansão da produção de soja. Nos cálculos da companhia americana, a produção de soja no Estado poderá alcançar 25 milhões de toneladas por safra até 2010, ante as 17,5 milhões estimadas pela Conab para 2004/05. De olho nessa tendência, a ADM já preparou a fábrica de Rondonópolis para futuras ampliações.
Com o crescimento da produção brasileira de soja observado principalmente entre as safras 2000/01 e 2003/04, o faturamento da múlti no Brasil saltou de US$ 1,2 bilhão, em 2002, para US$ 1,9 bilhão no ano passado. Da receita total de 2004, as exportações responderam por cerca de US$ 1,2 bilhão.
