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Trabalho virtual

<p>Pesquisa revela crescimento do uso da internet no campo brasileiro.</p>

Da Redação 01/08/2005 – Sentado na cadeira do gabinete de sua fazenda, na localidade de Santo Antônio do Capinzal, no interior de Passo Fundo, o produtor rural Antônio Pierdoná está ligado no preço da soja na bolsa de Chicago. São só alguns cliques e o agricultor troca o pasto que enxerga pela janela do cômodo por operações bancárias, estimativas de safra da Companhia Nacional de Abastecimento e cotações agropecuárias.

Instalar a internet na propriedade, há quatro anos, não foi fácil nem barato. A antena que dá acesso à rede via ondas de rádio saiu por R$ 3,2 mil. A mensalidade é de R$ 130.

Custou e ainda custa caro, mas não tem comparação com o tempo em que eu tinha de ir ao centro para conseguir todo o tipo de informações, ou ficar dependendo da divulgação nas rádios revela Pierdoná, que quer instalar na propriedade câmeras de vídeo conectadas pela internet a uma empresa de segurança especializada em monitoramento remoto.

A realidade do produtor de Passo Fundo retrata cada vez mais o perfil do agricultor empresarial brasileiro, mapeado recentemente por pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A). O levantamento revela que, no Rio Grande do Sul, 28,5% dos entrevistados têm computador ligado à internet. Mais: quando perguntados sobre características que representariam o produtor moderno e bem-sucedido, os agricultores consultados escolheram a palavra “informação” para responder.

Fizemos a mesma pesquisa há seis anos e a palavra informação nem aparecia. Desta vez foi a mais citada, o que revela um produtor disposto a buscar dados e transformar isso em conhecimento avalia José Luiz Tejon Megido, presidente da ABMR&A.

Nessa busca, também valem os meios mais tradicionais. A pesquisa demonstrou um aumento do acesso ao rádio e à televisão entre os produtores. Mas é mesmo na internet que os especialistas dizem estar as novas possibilidades para o negócio rural. Embora o maior interesse dos entrevistados na rede seja a previsão do tempo, para José Américo Silva, presidente do Instituto Universal de Marketing para o Agribusiness (I-Uma), de Porto Alegre, é com transações comerciais que a ferramenta pode ajudar mais o agricultor.

A rede elimina a necessidade do intermediário. Há produtores do interior da Colômbia colocando seus produtos em um restaurante de Nova York com a ajuda da internet conta Silva.

O que atrapalha a disseminação da tecnologia no campo é o preço. Nas áreas mais longínquas, a única conexão possível é via satélite, cuja instalação custa cerca de R$ 1 mil e a mensalidade ronda os R$ 400. Mesmo assim, a Star One, que oferece os serviço, tem mais de 50% de seus clientes ligados ao agronegócio e o número de instalações cresce de 15% a 20% ao ano.

Para os proprietários da Agropecuária Zamboni, em Santo Augusto, região norte do Rio Grande do Sul, o investimento em uma conexão banda larga via satélite está sendo recompensado, diz o administrador da propriedade, Joceli Cavalheiro. Na fazenda de 1,6 mil hectares de área plantada, além dos usos tradicionais, a rede serve para técnicas mais sofisticadas. É por meio da internet que os dados captados por uma pequena estação meteorológica localizada entre as lavouras são enviados para análise na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O resultado do exame retorna à propriedade e indica a quantidade de água que os pivôs devem jorrar no milharal a cada dia.