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Cenário positivo para ações de agroindústrias em 2005

<p>Analistas acreditam, contudo, em ganhos mais moderados.</p>

Da Redação 12/01/2004 – As ações das empresas do agronegócio fecharam 2004 com forte desempenho na bolsa de valores paulista. E a perspectiva dos analistas para este ano é de que os ventos permaneçam favoráveis, mas as projeções indicam uma valorização mais modesta para os papéis. Ranking elaborado pelo Valor Data com base no índice de presença das empresas nos pregões da Bovespa mostra que os papéis da Avipal tiveram alta de 160,9% em 2004, seguidos por Perdigão, com 143,2% e Sadia, com 59%. No ano, o Ibovespa subiu 17,81%.

Para os frigoríficos de carne de frango e suína, a previsão é de mais um ano positivo em 2005, ainda em função das exportações crescentes e com a perspectiva de aumento das vendas de produtos no mercado interno. “2005 deve ser um ano mais forte no mercado interno do que 2004. Com o crescimento do PIB, espera-se que o poder de consumo cresça”, observa Tania Sztamfater, analista do setor de consumo do Unibanco.

Ela acrescenta que, em 2004, os volumes de vendas do setor de frigoríficos cresceu 5% no mercado doméstico e que para 2005, a projeção é de um avanço de 10%. O analista Rafael Weber, da Geração Futuro, também diz que há otimismo com o mercado interno. Um dos motivos é a aposta das empresas em produtos mais populares para consumidores de baixa renda. Ele observa ainda que o aumento do salário mínimo deve favorecer o consumo doméstico.

Já no mercado externo, os frigoríficos exportadores devem continuar a ser beneficiados pela influenza aviária na Ásia, que levou à suspensão das vendas de carne de frango in natura da Tailândia, maior produtor da região, para a Europa. O problema tailandês fez empresas como Sadia e Perdigão ganharem espaço no mercado japonês, lembra Weber. A Geração projeta um “preço justo” de R$ 69,80 pelas ações ON da Perdigão no fim do ano, alta de 21,18% sobre o fechamento de ontem.

Para Tania Sztamfater, a abertura de novos mercados – como China, Malásia e Coréia do Sul – para o frango brasileiro também deve beneficiar as indústrias do setor.

Mais um fator favorável para as empresas do setor: menor pressão de custos este ano em função da maior oferta de soja e milho, grãos usados na ração dos animais. “Os custos menores devem melhorar a margem bruta das das empresas”, afirma Weber. Um outro analista observa, porém, que a rentabilidade dessas empresas pode ser menor por conta da valorização do real ante o dólar, que reduz as receitas na moeda brasileira.

Para o setor de fertilizantes, as perspectivas dos analistas são menos otimistas para este ano, principalmente em virtude de uma tendência de queda – ainda que moderada – das cotações internacionais das matérias-primas. Como cerca de 65% da demanda brasileira é atendida por produtos comprados em outros países, as oscilações externas têm reflexos diretos nos preços domésticos. E, em 2004, houve altas da ordem de 30%, de acordo com produtores.

Entre as empresas com maior presença na Bovespa no ano passado, três são da área de adubos: Fosfertil, fabricante de matérias-primas, e as misturadoras Adubos Trevo e Fertibrás. As três registraram receita líquida e lucro líquido maiores até setembro de 2004, segundo os respectivos balanços.

A Fosfertil, cujos papéis PN foram negociados em todos os pregões da Bovespa no ano e subiram 52,9% em relação ao ano anterior, viu sua receita consolidada, incluindo a controlada Ultrafertil, subir 8,9% no intervalo e atingir R$ 1,487 bilhão, enquanto o salto do lucro foi de 22,6%, para R$ 315,8 milhões. A empresa é controlada pela holding Fertifos, cujos maiores acionistas são Bunge e Mosaic.

A Trevo, controlada pela norueguesa Yara, maior grupo de fertilizantes do mundo, registrou altas de 33,1% na receita líquida, para R$ 1,184 bilhão, e de 32,5% no lucro, que chegou a R$ 93,8 milhões. Já a receita da brasileira Fertibrás cresceu 5,2%, para R$ 313,1 milhões, enquanto seu lucro líquido engordou 17,4%, para R$ 54,6 milhões.

Para Luiz Alberto Binz, analista da Geração Futuro, o setor vem acompanhando o crescimento do setor de agronegócios nos últimos anos, mas para 2005 o cenário é menos favorável. Pesam em sua análise a prevista queda da rentabilidade dos produtos agrícolas e o comportamento dos preços internacionais das matérias-primas para adubos, que não devem subir mais – pelo já observado recuo das cotações do petróleo e pela menor pressão dos custos dos fretes, que tendem a cair com o aumento da oferta de navios. No caso da Fosfertil, que alinha seus preços com os importados, a valorização do real também não é bom sinal.

Fernando Lobo Pimental, da AgroSecurity, lembra ainda que a queda de rentabilidade dos agricultores tende a concentrar as vendas de fertilizantes para a safra 2005/06 no terceiro trimestre deste ano, o que pode provocar problemas de preços e de logística. “Assim, é de se esperar uma redução no uso de tecnologia, principalmente no caso dos grãos”.