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Receita com exportações de frango sobe 46% até março

Gripe aviária eleva vendas ao Japão, mas greve afeta embarque.

Redação AI 20/04/2004 – 06h00 – Superando as expectativas dos próprios exportadores, o Brasil teve uma receita de US$ 543,8 milhões com as vendas externas de carne de frango in natura no primeiro trimestre deste ano, alta de 46,13% sobre igual período de 2003. Em volume, o avanço no período foi de 8,71%, para 526 mil toneladas, conforme a Abef (reúne exportadores).

Boa parte desse incremento se deve à gripe aviária ou influenza, que tirou importantes exportadores, como Tailândia, China e Estados Unidos, do mercado internacional.

Mas os números poderiam ter sido ainda melhores não fosse a greve dos fiscais agropecuários federais, afirmou o presidente da Abef, Júlio Cardoso. Por conta da paralisação no mês passado cerca de 25 a 30 mil toneladas deixaram de ser embarcadas, segundo o executivo.

Nem a queda no consumo de frango no Japão, em decorrência da crise sanitária, atrapalhou o desempenho brasileiro. Isso porque com o embargo ao frango in natura de países como Tailândia, China e EUA, o Brasil passou a ser o único fornecedor para o mercado japonês, disse o presidente da Abef. O resultado é que as vendas para o Japão – que importa coxa de frango – subiram 85% em volume sobre o primeiro trimestre de 2003, para 68 mil toneladas. Em receita, o avanço foi ainda mais expressivo: 190%, para US$ 104, 9 milhões, segundo a Abef.

Para Cardoso, as vendas para o Japão devem continuar aquecidas no segundo trimestre, ainda com o efeito dos problemas sanitários em países exportadores. A expectativa, disse, é que também haja uma retomada no consumo de carne de frango no Japão que, estima-se, caiu de 15% a 20% no primeiro trimestre.

O aumento das vendas para o mercado japonês compensou o desempenho mais fraco do Brasil no mercado europeu e na Rússia. O que derrubou as vendas na Europa foi a taxação do peito de frango salgado – de 75% – e também uma queda de cerca de 5% no consumo por conta da gripe das aves, segundo Cardoso.

Além disso, o Brasil enfrentou a concorrência da carne de frango cozida da Tailândia. Como não podem exportar frango in natura para a Europa por causa da influenza, os tailandeses elevaram a oferta de produto processado, observou Cardoso. A Alemanha, por exemplo, reduziu em 58% suas compras no trimestre, para 12,9 mil toneladas.

As vendas para a Rússia tiveram queda de 78% na comparação com o primeiro trimestre de 2003, para 22,5 mil toneladas, consequência do sistema de cotas implantado pelo país. Mas o cenário na Rússia deve melhorar, acredita a Abef, após a decisão do país de permitir que portadores de licenças de importação busquem fontes alternativas de fornecimento já que exportadores, como os EUA, enfrentam problemas sanitários. “Cerca de 20 mil toneladas já estão sendo direcionadas para outros países”, disse Cardoso.

A meta da Abef é manter os preços valorizados na exportação – no primeiro trimestre a alta foi de 34,46%, para US$ 1.034 por tonelada. O número é resultado da venda de produtos de maior agregado, como cortes e industrializados. De acordo com a Abef, as vendas de processados somaram US$ 26 milhões no trimestre, alta de 36,1%.

A alta no embarque de carne de frango não afeta a oferta interna, afirmou Cardoso. Segundo a Abef, a produção brasileira no primeiro trimestre cresceu 10,7%, para 2,035 milhões de toneladas. As exportações representaram 25% desse total. “A produção é suficiente para a exportação e mercado interno (…) Está sobrando frango no mercado [interno], tanto que os preços caíram”, disse Cardoso.