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Novo mandato

Reeleito, Eugênio Arantes Pires ficará mais dois anos à frente da Associação Goiana de Suinocultores.

Redação SI 04/11/2004 – Em assembléia geral ordinária, realizada na última sexta feira (29/10), Eugênio Arantes Pires foi reeleito presidente da Associação Goiana de Suinocultores (AGS).

Para Arantes, sua reeleição tem um significado especial, uma vez que reflete a aprovação dos associados a todos os trabalhos desenvolvidos pela diretoria nos últimos dois anos. Nascido no município de Rio Verde e suinocultor há mais de 20 anos, Arantes tem agora a difícil missão de dar continuidade às ações que a entidade vem desenvolvendo.

Em entrevista concedida à Suinocultura Industrial, o presidente faz um balanço de seu primeiro mandato, comenta sua reeleição, fala sobre as prioridades e metas da AGS para os próximos anos e sobre a atual situação da suinocultura em Goiás.

SI –  Que balanço o senhor faz de seu primeiro mandato?

Arantes – Quando assumi a presidência da AGS pela primeira vez nosso principal objetivo foi resgatar a credibilidade da associação. Os associados queriam como presidente alguém que fosse produtor e que fizesse um trabalho voltado aos associados e ao desenvolvimento da suinocultura goiana.
Aqui no Estado não temos a Bolsa de Suínos. Então inicialmente realizamos um trabalho de pesquisa dos preços praticados nos principais mercados suinícolas do País, no intuito de estabelecer um parâmetro aqui para Goiás. O resultado desse trabalho foi que o preço praticado aqui ficou muito parecido com o de Minas Gerais. Vale lembrar, que num passado recente o preço praticado em Goiás era 10% abaixo do preço de Minas Gerais e hoje os preços são equivalentes nesses dois Estados. Procuramos também, neste primeiro mandato, promover a reaproximação da AGS com instituições importantes como a Secretaria de Agricultura, Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (Agenciarural), entre outras, com o objetivo de melhorar o nosso relacionamento e facilitar o diálogo com essas instituições. Goiás é um estado em que a cultura predominante é a da bovinocultura, o que dificultava nosso relacionamento com essas instituições. Diante dessa situação, fizemos um trabalho político junto a essas instituições para que elas pudessem olhar com mais atenção as demandas e necessidades de nosso setor. Outra grande conquista foi a inclusão da carne suína na merenda escolar. Goiás foi o segundo Estado brasileiro a incluir a carne suína na merenda escolar. Atualmente esse projeto está implementado na rede municipal de ensino em escolas da cidade de Rio Verde para mais de 18 mil alunos e em Goiânia para mais de 100 mil alunos. Uma outra conquista marcante foi que conseguimos a isenção da cobrança do ICMS do leitão durante sua comercialização. Essa foi uma conquista que repercutiu muito bem dentro do Estado pois deu uma maior competitividade para nossos criadores de leitões. Existem, entretanto, muitas outras iniciativas em andamento, como por exemplo o trabalho que estamos fazendo com o Ministério da Agricultura e a Secretaria de Agricultura que é o levantamento de informações e dados sobre a suinocultura goiana. Nossa intenção é construir um banco de dados que nos permita conhecer a realidade de nosso setor aqui no Estado. Outra preocupação da AGS é a adequação ambiental das propriedades suinícolas aqui no Estado. Hoje são poucas as propriedades que têm licenciamento ambiental totalmente regularizado. De olho nessa questão já temos um projeto elaborado com uma empresa ligada ao meio ambiente. O próprio secretário de agricultura nos chamou para falar que gostou do projeto e para propor uma parceria no sentido de promover um levantamento da situação das propriedades suinícolas goianas quanto aos aspectos sanitário e ambiental.

SI – Qual o significado dessa reeleição para o senhor?
Arantes – A leitura que faço é que os associados quiseram dar continuidade a esse trabalho que estava sendo feito. Na verdade, defendo que a renovação sempre deve existir, em qualquer associação de classe. O que aconteceu é que o primeiro ano de meu mandato coincidiu com aquela terrível crise da suinocultura no Brasil, em que não havia dinheiro para nada. Então somente no segundo ano é que realmente conseguimos implementar os trabalhos que tínhamos idealizado. Então os associados decidiram que seria importante que eu continuasse à frente da associação para dar continuidade a esses trabalhos. Fico muito feliz com esse voto de confiança e tenho consciência de minha responsabilidade.


SI – Esse novo mandato à frente da AGS o afasta de uma eventual candidatura à presidência da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS)?
Arantes – Realmente houveram comentários que o novo presidente da entidade poderia sair de Goiás, Mato Grosso ou de Minas Gerais. Entretanto, os nomes deverão surgir de reuniões que serão realizadas mais para frente, num momento mais oportuno. Quanto a possibilidade de minha candidatura à presidência da ABCS o que tenho a dizer é que estou encerrando o meu primeiro mandato na AGS, com vistas para o segundo e que considero-me ainda em fase de aprendizado e, por esse motivo, acredito que ainda não esteja realmente preparado. De fato meu nome foi cogitado, assim como foram citados os nomes do Arnaldo [Penna Cardoso, presidente da ASEMG] e do Raulino [Teixeira Machado, presidente da Acrismat] lá do Mato Grosso. Mas hoje acredito que ainda não seja o momento de assumir uma responsabilidade tão grande como é a presidência da ABCS.

SI – Quais são as principais prioridades e metas da diretoria da AGS nesse segundo mandato?
Arantes – Nossa meta principal será viabilizar recursos para a manutenção dos trabalhos da AGS. O maior problema das associações hoje é financeiro. Atualmente a maioria das associações no Brasil vive do dinheiro arrecadado com o registro genealógico. Para você ter uma idéia, aqui em Goiás, o número de registros caiu mais de 50% nos últimos anos. Tendo em vista esse problema elaboramos um projeto para viabilizar recursos alternativos. Esse é um trabalho que será executado junto aos produtores, através de um intenso trabalho de campo, visitando granja por granja, para mostrar-lhes quais seriam os benefícios que eles terão caso apoiem esse projeto. O que queremos implantar aqui em Goiás é um projeto semelhante ao que é hoje executado no Mato Grosso, que é a cobrança de um percentual no momento da emissão do GTA [Guia de Trânsito Animal]. No Mato Grosso, por exemplo, se cobra R$0,50 por suíno vendido. Para Goiás estamos pensando em R$0,25. Estamos pensando em fazer esse convênio junto com a Secretaria de Agricultura. Mas esse nosso projeto depende da aprovação do lei das PPPs [Parceria Público-Privadas]. Essa lei sendo aprovada vai facilitar a execução desse projeto. Nessa nova gestão também centraremos forças na questão do meio ambiente. Nosso objetivo é deixar a maioria das granjas de nossos associados devidamente adequadas à legislação ambiental. O terceiro foco seria a finalização do levantamento de informações e dados da atividade, através do trabalho do Grupo Gestor da Cadeia Produtiva de Suínos e Aves, que possibilitará a construção de um abrangente panorama do nosso setor.

SI – Qual a atual situação da suinocultura no Estado de Goiás atualmente?
Arantes – Goiás é o sexto maior produtor de suínos do Brasil. A atividade suinícola é bastante promissora aqui no Estado. Goiás tem um enorme potencial agrícola, é um dos maiores produtores de grãos do Pais, fato que traz reflexos diretos nos custos de produção da atividade. A própria localização geográfica de nosso Estado, que está no centro do País, nos garante vantagem logística. Ao mesmo tempo a topografia e o clima, que é bastante estável, favorece o desenvolvimento da suinocultura. Nesses dois últimos anos também conseguimos sensibilizar o Governo Estadual, que começou a entender o quanto a suinocultura pode ajudar no desenvolvimento do agronegócio goiano.

SI – Quais são as principais dificuldades para o desenvolvimento da suinocultura goiana?
Arantes – Atualmente é a falta de crédito para a atividade. Hoje não temos crédito específico disponível para os suinocultores. Sem crédito fica difícil os produtores investirem em tecnologia e na modernização de suas propriedades. Para sanar essa questão, a AGS já vem fazendo um trabalho junto ao Banco do Brasil, mas ainda estamos encontrando um dificuldade enorme no que se refere ao cadastramento dos suinocultores. Infelizmente, devido a recente crise por qual passou o setor suinícola, a maioria dos cadastros, e acredito que isso não aconteça apenas em Goiás, não recebe aprovação do Banco do Brasil. A maioria dos suinocultores encontra-se ainda endividada, o que dificulta a obtenção de empréstimos.