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Carnes sofrem reajuste de até 72% no PR

Especulação de final de ano fez subir preço das carnes bovina, suína e de aves.

Da Redação 06/12/2004 – O consumidor foi atingido em cheio por reajustes nas carnes e outros produtos. Os primeiros sinais foram dados com a estiagem prolongada no inverno e agora se intensificam com as especulações do mercado com a chegada das festividades de final de ano. 

As geadas provocaram queima nas pastagens o que refletiu na baixa do rebanho, motivando a alta nos preços das carnes de um modo geral no mês de julho e agosto. Agora, os empresários justificam os novos reajustes em razão do aumento nas exportações e ao velho fenômeno da oferta e procura, ou seja, a procura é maior que a demanda. 

Segundo pesquisas realizadas pelo Caderno Consumidor da Gazeta do Paraná, a maioria das carnes bovinas, suínas é até de aves subiram em relação ao mês de outubro. Os cortes suínos foram os que mais apresentaram altas. A bisteca sem pele, por exemplo, foi a carne com maior reajuste dos 13 itens pesquisados, com 72% de aumento. No início de outubro era possível comprá-la por R$ 4,60, hoje alguns supermercados vendem por R$ 7,89 o quilo. O leitão inteiro teve 58% de aumento no período pesquisado, assim como o pernil sem pele, também 58%, enquanto que o tradicional lombo comum das ceias de Natal teve alta de 55%. 

Explicações 

Segundo o supermercadista Daniel Pegoraro, com a diminuição na oferta no mercado nacional, além da grande procura, a alta torna-se normal. “Estamos comprando e pagando em média 10% mais caro pelos suínos, mas acredito que em janeiro o preço recue”, diz. 

Em relação à carne bovina o empresário analisa que, principalmente os cortes especiais, mais comuns durante as festividades, é que sofrem maior reajuste. “Os relacionados às festas tiveram alta em torno de 7 a 8%”.

Porém as pesquisas revelam aumentos maiores como a picanha que registrou o maior aumento entre os cortes pesquisados, 34%; alcatra com osso 21%; alcatra sem osso 11%; contra-filé sem osso 11%; coxão mole 18%; posta vermelha 15% e traseiro com osso, 19%. 

Pegoraro comenta ainda que os preços repassados ao consumidor final se dão também devido à mudança no sistema de ICMS. “Antes tínhamos um crédito maior que o débito, crédito de 12% e débito de 7%. Hoje temos um crédito que vai de 1% a 5% e o débito continua 7%. E isso conseqüentemente reflete no preço final”, explica.

Para Marilene Arcanjo, dona de casa, os reajustes consecutivos são provenientes da época do ano e da política camuflada. “Quando dizem que não existe inflação é pura enganação, pois a prova maior está no supermercado, já não compramos mais nada com R$ 100, por exemplo. E no final do ano se aproveitam sabendo que vamos consumir”, desabafa a dona de casa.

Outros aumentos 

Os tradicionais peru e chester também chegam na mesa do consumidor com preços mais salgados, em média 10%, segundo Pegoraro. O frango também aumentou, entre as marcas pesquisadas as diferenças estão entre 33%, 21% e 14%.