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Aves para todos os gostos

Carne de espécies exóticas e silvestres de aves aguçam a criatividade dos gourmets e o paladar dos consumidores mais refinados.

Linha Avis Rara

Redação AI (Edição 1115/2003) – A produção de carne de frango no Brasil em 2002 atingiu o volume de 7,6 milhões de toneladas, sendo 6,1 milhões consumidas no mercado interno. Isto, de acordo com a União Brasileira de Avicultura (UBA), representou um consumo per capita de carne de frango de 34kg, no ano passado.

Mas há um mercado paralelo ao da avicultura de corte convencional (entenda-se carne de frango industrial) que tem despertado o interesse de pequenos produtores e de consumidores mais refinados: o de carne de aves exóticas e silvestres. Aves como o peru, a codorna, a perdiz, o faisão, patos e marrecos, galinha dAngola e o avestruz lideram esta lista. Há ainda as mais exóticas ao paladar da cozinha brasileira como a ema, o ganso e os pombos.

Faisão

“A produção de aves domésticas e silvestres apresenta uma oportunidade para complementar as atividades pecuárias desenvolvidas nas propriedades rurais e urbanas”, afirma Elsio Antonio Pereira de Figueiredo, zootecnista PhD e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves. Porém, segundo o pesquisador,  existe a possibilidade de desenvolvimento de nichos de mercado para produtos dessas aves, além do da carne, de ovos, penas/plumas, pele, lazer, companheirismo e ornamentação.

“Para o segmento de carne, entendo que a participação dessas aves no mercado brasileiro ainda é muito pequena e que não chega a ser suficiente para entrar nas estatísticas”. Figueiredo aponta que hoje existem mais codornas e marrecos do que faisões e perdizes entre o plantel avícola brasileiro.

“O IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] apresenta 6 milhões de codornas para o Brasil em 2001, sendo todas basicamente para a produção de ovos”, argumenta. “Outras 6 milhões podem ter sido abatidas, no mesmo ano, como machos da codorna de postura”. O pesquisador ainda estima, de acordo com os seus estudos, que o número de marrecos no Brasil pode alcançar 10% do total de codornas e os de faisões, cerca de 1%. Já o peru, que é produzido em escala industrial no Brasil, ultrapassa a faixa de 26 milhões de cabeças.

Paladar refinado – Para saborear a carne de qualquer uma dessas aves é preciso: primeiro – encontrar um bom restaurante que ofereça a iguaria; segundo – ter a disposição de desembolsar uma quantia bem acima do que hoje é cobrado por um prato preparado à base da carne de frango. Um quilo da carne do avestruz, por exemplo, custa entre R$ 60,00 e R$ 70,00. A carne de marreco congelada é comercializada nos supermercados de Concórdia (SC) por aproximadamente R$ 8,00 o quilo ou R$ 20,00 a peça. Já a codorna abatida, com 150 gramas, é vendida a R$ 1,80 aos restaurantes. Somados os ingredientes, o trabalho do gourmet e o nome do estabelecimento, uma refeição à base dessas aves pode custar bem caro. “Por ser posicionada como especial e diferenciada, a carne dessas aves conseguiu boa penetração junto aos consumidores da chamada classe A, detentores de maior poder aquisitivo e conhecimentos sobre gastronomia internacional”, explica Cláudio Kliemann Silva, gerente de Serviços de Marketing da Perdigão.

Produção Industrial – A Perdigão iniciou em 1989 o desenvolvimento da criação de aves exóticas a partir de matrizes selecionadas trazidas da Europa, visando atender a crescente necessidade e sofisticação do consumidor brasileiro. Hoje, a empresa é a única no País a comercializar carnes de codorna, perdiz e faisão, em nível nacional, por meio de uma linha especial criada para elas: a Avis Rara. “Os principais atributos que diferenciam essas carnes exóticas das demais são o sabor, a textura e a versatilidade”, classifica Kliemann Silva.

Codorna

A linha Avis Rara é hoje encontrada em todo o Brasil. “Criado em parques especiais que reproduzem o seu habitat natural, o faisão é comercializado pela Perdigão, individualmente, em bandeja de aproximadamente 1 kg e caixas de 3,6 kg”, explica o gerente. “Cada caixa contém quatro aves embaladas individualmente em bandejas, acondicionadas em sacos plásticos”. Segundo ele, o faisão é uma ave originária da Ásia e sua carne, além de saborosa, é altamente nutritiva e saudável, pois possui baixo teor calórico.

A codorna européia, comercializada pela empresa, é uma ave originária da Ásia Menor e tem porte um pouco maior em relação à codorna conhecida no Brasil. “Sua carne é saborosa, farta, macia, suculenta e até mesmo afrodisíaca, de acordo com os nordestinos, grandes apreciadores da ave”, descreve. A Perdigão cria essas codornas em aviários especiais, com alimentação à

Perdiz

base de cereais, milho e farelo de soja. “O tempo de abate é de aproximadamente 60 dias e a comercialização é feita em cartuchos de 650 gramas, contendo quatro aves cada, embaladas individualmente, em caixas de aproximadamente 3 kg (embaladas individualmente) e também a na opção Codorna à Passarinho”.

A perdiz chukar é uma ave originária do Paquistão, que foi introduzida pelos romanos na Europa, com o objetivo de lazer e caça. “Sua carne possui textura macia e características únicas, como o sabor original é exótico”, detalha Silva. Atualmente, todas as matrizes desta ave tem origem européia e são importadas pela Perdigão que as cria em amplos aviários. Desta forma, são mantidos o sabor original e as características naturais da ave. O tempo de abate é de aproximadamente cinco meses e a comercialização é feita em cartuchos de 650 gramas, contendo duas aves cada.
 

Outras aves

Da mesma forma como acontece com o frango de corte, é essencial que os compradores e os postos de venda estejam todos contratados antes do início da produção de aves exóticas e silvestres.

Galinha d`Angola

É originária da Guiné, muito apreciada na substituição à carne de caça. As principais variedades são: Pérola, Branca e Lavanda. Na maturidade machos e fêmeas pesam cerca de 1,5 kg. A criação da galinha d`Angola assemelha-se ao da criação da galinha caipira.

Patos

A criação de gansos, patos e marrecos no Brasil apresenta significativa importância na economia nacional. Os patos estão entre as espécies mais versáteis e por isso podem sobreviver numa ampla variedade de condições climáticas. A maioria dos patos de corte são comercializados na idade jovem, com 7 a 8 semanas e peso vivo de 2,80 kg a 3,40 kg. São geralmente comercializados congelados e prontos para assar após o descongelamento. Aproveita-se as penas, os pés, a língua, o fígado. As raças de corte Aylesbury, Muscovita e Branco de Pequim são boas produtoras de carne.

Marrecos

A raça chinesa Branca de Pequim é a mais popular no Brasil e também nos Estados Unidos, sendo excelente produtora de carne de ótima qualidade, alcançando peso de mercado em 8 semanas de idade, com 2,80 kg a 3,40 kg. A maioria dos patos de mesa atualmente são comercializados na forma de congelados prontos para ir ao forno. Os machos são geralmente 227gramas mais pesados do que as fêmeas. A época do abate é quando as penas do pescoço iniciam a cair e as penas de vôo são de 70mm a 90mm de comprimento.


Gansos

Os gansos são os mais rústicos entre as aves aquáticas e são as que mais se aproximam das herbívoras, podendo viver quase que inteiramente alimentadas com boas pastagens. Gansos podem ser criados para produção de carne, ou em pequenos rebanhos para complementação de renda, como hobby ou como ave ornamental e de exibição. As principais raças de carne são a Landaise, Tolouse, Emden e Africana.

Emas (Rhea) da família Rhidae

No Brasil existem as emas que são também aves de grande porte, semelhantes ao avestruz, embora de menor tamanho, adapatadas aos campos e vegetação do Cerrado. Muitos projetos de produção de carne e ovos estão se voltando para essa espécie. O projeto pioneiro é o da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – Emparn, que desde 1980 vem estudando e difundindo a espécie como produtora de carne, ovos, plumas e pele.

Avestruz

A avestruz pertence ao grupo das Ratitae, aves corredoras ou incapazes de voar, tendo em comum com as outras famílias deste grupo o esqueleto e a musculatura simplificada, não apresentando quilha e, portanto, desprovido de musculatura peitoral no osso externo, lembrando a conformação de uma prancha reta. São espécies nativas da África. Atualmente, essas aves são criadas para produção de pele, que permite fabricar excelentes acessórios de couro; para produção de plumas e para produção de carne, muito apreciada em todo o mundo por lembrar o sabor e a maciez do filé mignon bovino. Hoje, já existem mais de 150 criadores oficiais de avestruzes no Brasil, distribuídos por todo o território nacional.

Fonte: Elsio Antonio Pereira de Figueiredo, Embrapa Suínos e Aves.