Da Redação 20/10/2003 – 03h30 – A troca do milho pela soja tem um limite. Os produtores do ABC paranaense (região das cooperativas Arapoti, Batavo e Castrolanda), que detêm 210 mil hectares e registram produtividade 43,5% acima da média estadual com a sojicultura, estão seguindo orientações técnicas que desaconselham a redução da cultura do milho a áreas inferiores a um terço da lavoura.
O Paraná é o maior produtor nacional de milho, e mesmo com a redução de 9,8% da área de plantio na safra 2003/2004, não perderá a posição de líder.
“A rotatividade de culturas é que garante a produtividade. Reduzir o milho a menos de 33% é uma aventura. A soja rende até 500 quilos a mais por hectare quando é plantada em áreas que, na safra anterior, foram dedicadas ao milho”, afirma o produtor Artur Valdemar Mittelstedt, de Tibagi. Ele decidiu reservar para o milho um terço da lavoura de 1,7 mil hectares que administra. A soja ficou com 55% e o feijão com aproximadamente 10%.
Os produtores acreditam que o milho quebra o ciclo de doenças do solo e aniquila pragas como insetos. Os insumos usados para a produção desta cultura preparam o solo também para a produção de soja. Quando a soja é cultivada por duas safras numa mesma área, a rentabilidade cai em até 10%.
A própria preferência pela soja acaba favorecendo a produção de milho, avalia o presidente da Fundação ABC, instituição de pesquisas que orienta os produtores, Willen Bouwman. “Haverá menos milho em estoque, e os preços tendem a subir”, considera. Ele conta que, nos 2,5 mil hectares que ajuda a administrar, o milho terá 35% do espaço.
A rentabilidade da soja foi bem superior à do milho na última safra. Quem colheu o equivalente à média estadual (2,8 toneladas de soja ou 3,7 toneladas de milho, por hectare) teve rendimento 50% menor com o milho. Cada hectare de soja rendeu cerca de R$ 2 mil.
Na avaliação de Bouwman, apesar de a rentabilidade da soja ser maior, os produtores estão menos afobados. Ele diz acreditar que o mercado internacional está deixando de ditar as regras para o Brasil. Com o crescimento da produção nacional, o país estaria firmando sua autonomia produtiva, apesar de os preços continuarem atrelados a bolsas como a de Chicago, observa