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Brucelose na suinocultura

A doença causa graves transtornos reprodutivos nos animais.

Redação SI 03/04/2002 – A brucelose é uma doença de origem bacteriana, que causa graves transtornos reprodutivos, tais como, aborto, endometrite, orquite, perda da libido e infertilidade (STRAW et al., 1999). O agente etiológico da brucelose em suínos é a Brucella suis, que é subdividida em 5 sorotipos, sendo que o suíno é o hospedeiro mais freqüente para os sorotipos 1 e 3. A B. abortus também pode infectar os suínos, porém é menos patogênica (ACHA & SZYFRES, 1986).

É uma doença que ocorre em vários países do mundo, onde suínos são criados de modo selvagem ou doméstico. No início de século foi considerada uma doença de grande importância, causando perdas econômicas. A partir de 1950 começaram programas de erradicação da doença que, aliado a trocas de manejo, foram reduzindo e até mesmo eliminando essa doença em alguns países. Nos Estados Unidos, Europa, Austrália existe uma baixa prevalência da brucelose suína. A doença está amplamente disseminada na América Latina, que é causada predominantemente pelo sorotipo 1. Na África a doença ocorre em alguns países, porém o número de suínos é pequeno. Na Ásia, particularmente no sul, existe uma alta prevalência da doença, causada pelo sorotipo 1 e 3 (LEMAN et al. 1992).

Os suínos estão suscetíveis à brucelose a partir dos quatro a cinco meses de idade (aproximação da puberdade). A doença apresenta uma morbidade alta, que se situa entre 50 a 80%. As vias mais importantes de infecção são a digestiva e a genital. A bactéria é transmitida de suíno para suíno, principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados por descargas vulvares, ou pela ingestão de fetos abortados e membranas fetais. Cachaços com infecção nos órgãos genitais podem transmitir a doença através do sêmen (SOBESTIANSKY et al., 1999). Os suínos infectados apresentam febre regular ou intermitente, sendo que os sinais clínicos podem ser transitórios e a morte é de rara ocorrência. O aborto pode ocorrer em qualquer período da gestação, sendo mais influenciado pelo tempo de exposição ao agente do que pelo período da gestação.

O homem se contamina através do contato direto com animais infectados ou indiretamente, através da ingestão de produtos de origem animal ou, mais raramente, por inalação de aerossóis. A brucelose suína tem um risco proporcionalmente maior que a brucelose bovina, pois apresenta um maior grau de patogenicidade para humanos. Existe um grande número de B. suis nos tecidos, proporcionando uma grande área de exposição para as pessoas que estão em contato com suínos. A infecção por B. suis em humanos é uma doença ocupacional, atingindo produtores, veterinários e trabalhadores de frigoríficos (LEMAN et al. 1992). É uma enfermidade septicêmica, que começa de forma brusca, manifestando-se com febre continua ou intermitente, com calafrios e suadores. Cursa com sintomatologia nervosa, como irritação, nervosismo e depressão. Os sintomas mais comuns em humanos são insônia, impotência sexual, constipação, anorexia e dores generalizadas.