Redação AI 11/04/2002 – Até o final do ano o município de Santa Cruz, a 119 quilômetros de Natal (RN), irá se transformar no maior produtor de frangos, uma atividade até então pouco explorada no Rio Grande do Norte. O Projeto de Avicultura Integrada do Trairi prevê a criação de 50 microempresas de engorda de frango com capacidade para produzir 4,2 milhões de aves por ano. Dos 50 galpões, dez já estão em plena atividade, número que deverá chegar a 30 até junho.
O projeto foi iniciado no ano passado e cada aviário implantado tem um investimento privado de R$ 45 mil – R$ 30 mil na construção do galpão e outros R$ 15 mil na aquisição de equipamentos. Os recursos, até o momento, são oriundos do Banco do Nordeste, com taxa de juros de 8,75% ao ano, carência de seis meses e prazo de dez anos para pagamento. Fazem parte da parceria avícola, além do Banco do Nordeste, a Associação Comunitária de Desenvolvimento do Trairi (ACT), o Sebrae-RN, a Prefeitura de Santa Cruz e a empresa integradora Guaraves.
Segundo o coordenador do Sebrae em Santa Cruz, Alberto Leandro de Souza Rocha, os aviários com 3,6 mil quadrados foram projetados para 14 mil aves, mas os projetos estão sendo tão bem implantados que a empresa integrada está povoando os viveiros com 15 mil aves, o que aumentou a renda das famílias. “Cada galpão está proporcionando uma renda bruta de R$ 3,5 mil, em média, e ocupa cerca de quatro pessoas”, diz o coordenador.
Rocha lembra que esta renda é apenas da venda de aves, mas os avicultores também lucram com a venda da chamada `cama de frango` para os pecuaristas, produto que alcança até R$ 100 a tonelada nos períodos de seca. No momento atual o preço médio tem sido de R$ 50,00 por tonelada. A cada período de 60 dias, quando são introduzidos novos filhotes, a produção de cama é de 20 toneladas.
Infra-estrutura
O Sebrae é responsável pela assessoria ao processo de formalização das microempresas e pela capacitação gerencial. O Banco do Nordeste participa como agente financeiro. Novas negociações para financiamento estão em andamento também junto ao Banco do Brasil. A Prefeitura garante toda a infra-estrutura, como água, eletrificação e estradas de acesso às propriedade, além de oferecer um Fundo de Aval para os empreendedores. Já a Guaraves, transfere toda a tecnologia e fornece os filhotes, ração e vacinas necessárias.
O diretor Comercial da Guaraves, Veronildo Coutinho, avalia que a região do Trairi tem as condições ideais para produzir um frango de excelente qualidade, devido ao seu clima temperado, numa região fria e seca. A empresa, com sede na Paraíba, tem 170 granjas integradas, que produzem atualmente 130 mil aves por semana naquele Estado.
Ganhos
Grande parte dos frangos consumidos nestes estados ainda vem da Região Sul e de Pernambuco. O sistema integrado, segundo o empresário, é responsável por 80% da produção de frango no País. “É um sistema onde todos saem ganhando. A empresa, porque tem espaço para ampliar a produção e se dedicar à busca novos mercados e novas tecnologias, e o agregado, que tem um negócio próprio e que exige um baixo investimento”, analisa.
O coordenador do Sebrae-RN lembra, ainda, a dimensão social e a melhora da qualidade de vida dos integrados. Rocha cita, como exemplo, o avicultor Manoel Moreno, que antes vivia da produção de carvão vegetal, atividade que lhe rendia R$ 60,00 por semana. `Hoje, a renda mensal do avicultor é de, em média, R$ 1,2 mil mensais`, garante Alberto Leandro de Souza Rocha, lembrando que houve ganhos também na qualidade do trabalho mais seguro e junto com a família, além de evitar o desmatamento.