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Carne suína e doenças cardiovasculares

Veja o estudo e a opinião do médico nutrologista Paulo Henkin sobre o consumo da carne suína.

Redação SI 12/04/2002 – A carne suína, classificada como carne vermelha, tem composição muito semelhante às demais, por se tratarem todas, de músculos de mamíferos. Nos modelos atuais de criação de suínos, os percentuais de gordura variam entre 5,1 e 7,1%, assim como nos cortes magros de gado e ovelha. A diferença naqueles percentuais deve-se a forma de criação, tipo de corte e de preparo. Em muitas situações a carne suína apresenta ainda menores teores de gorduras do que as ditas “carnes brancas” – frango ou peixe (52). A parte gorda da carne suína é importante fonte de gordura na dieta humana e a magra é fundamentalmente proteína de alto valor biológico o balanço de aminoácidos é muito próximo ao da necessidade humana. O percentual de proteínas é bastante semelhante entre as carnes “vermelhas”: suíno, 20,8% e gado, 20,3%. A carne suína é ainda importante fonte de nutrientes inorgânicos de alta biodisponibilidade como zinco, cobre, selênio e ferro. Constitui-se ainda em importante fonte de Vitaminas B12, A, B6, Riboflavina (B2), Tiamina (B1), Niacina, etc.Michael Davidson, M.D., do Chicago Center for Clinical Research, Chicago, analisou os níveis séricos de colesterol em indivíduos dislipidêmicos, com dietas contendo carne “branca” (frango ou peixe) em um grupo e carne “vermelha” (suíno, gado ou ovelha) no outro. Não houve diferença nos níveis séricos de colesterol entre os dois grupos (a relação foi estatisticamente válida) (8,52).Na Espanha observa-se nos últimos anos um aumento no consumo de carne suína, que ocorre paralelamente a uma diminuição da prevalência da DCVI (17), o que corrobora, de alguma forma, para a compreensão da multiplicidade de fatores que atuam na gênese da DCVI e, por outro lado, desautoriza a correlação de taxas de DCVI com o consumo de carne suína.Em recente análise feita no “The Nurses` Health Study” por Frank B Hu et al (31), quando comparada a ingesta de carnes de frango ou peixe com carnes de suínos, gado ou ovelha não foi possível associar o consumo de um ou de outro grupo com o risco para a DCVI. Eram muitas as variáveis associadas ao consumo de determinada carne, como tabagismo, sedentarismo, ingesta de fibras, frutas e verduras.Por ser a “carne suína” de fácil acesso, sabor agradável, exercendo importante papel social em muitas culturas, seu consumo deve ser estimulado, pelo importante papel nutricional que apresenta e, ausência de impacto negativo na saúde cardiovascular (52,53). Não há evidência científica para as recomendações de eliminação da carne suína da dieta normal do ser humano (52,53) é muito pouco provável que uma doença pode ser causada pela ausência ou presença de um único tipo de alimento ou grupo de alimentos, segundo Roger Whitehead e Alison Paul no Fórum Mundial de Saúde (2), de acordo com os mesmos autores, o mais razoável para dieta humana é o equilíbrio entre os diferentes grupos de alimentos. As carnes possuem vantagens nutricionais não encontradas em nenhum outro tipo de alimento.Não há evidências indicando que uma dieta “vegetariana equilibrada” resulte em uma vida mais longa e saudável do que uma dieta “onívora equilibrada” (2).O excesso de calorias é o principal problema da dieta nos países desenvolvidos, a qual é, apenas parcialmente, provocada pela ingesta de gorduras (2).