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Piraju incentiva criação de frango ecológico

Linhagens de corte desenvolvidas pela Esalq são indicadas para pequenos produtores.

Redação AI 22/05/2002 – Oferecer novas alternativas de renda e melhorar a qualidade da alimentação em pequenas propriedades rurais do município de Piraju (SP) é o objetivo de convênio firmado pela prefeitura para incentivar a criação, na região, de quatro linhagens de aves desenvolvidas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), de Piracicaba (SP).

São aves precoces e rústicas, para corte, que podem ser criadas sem grandes cuidados, em instalações simples e com alimentação natural. É o sistema de criação a pasto, também citado como sistema caipira, alternativo, natural ou ecológico. O Posto Agropecuário Municipal de Piraju iniciou o programa com 600 pintinhos do chamado “frango feliz” ou “frango ecológico”. Segundo o encarregado do aviário, Mário Mello, morreram apenas 12 aves (2%) desse primeiro lote.

Em três meses, “teve frango que pesou 4 quilos, comendo só milho e pasto”, afirma. “São linhagens de ótima conversão alimentar, que ganham peso mais rápido, com alimentação totalmente natural.”

A melhoria do plantel pode ser conseguida introduzindo apenas 1 galo para cada 20 galinhas, afirma Oliveira. A maioria dos criadores interessados adquiriu pequenas quantidades e só um comprou número mais expressivo, para início da criação em maior escala. Cada ave, aos 4 meses de idade, foi vendida por R$ 10,00. Cerca de 90 frangas e alguns galos foram mantidos como matrizes e reprodutores.

Seleção genética – Das quatro linhagens da Esalq, a “caipirinha” é a de crescimento mais lento e pode produzir até 250 ovos por ano. A “caipirão”, uma mistura de diversos materiais genéticos, apresenta grande variação de plumagens e desenvolvimento mais rápido. As outras duas desenvolvidas na universidade também crescem rapidamente e a principal diferença entre elas está na plumagem.

Segundo os pesquisadores Antonio Augusto Domingos Coelho e Vicente José Maria Savino, professores do Departamento de Genética da Esalq, porém, não se pode esperar dessas linhagens o mesmo desempenho de aves de granja, que atingem o ponto de abate em muito menos tempo (cerca de 35 dias). O trabalho de seleção genética é recente e os dados estatísticos disponíveis ainda não permitem comparações confiáveis. Estão sendo feitos estudos nesse sentido, abordando aspectos relativos às características de carcaça, conversão alimentar e quantidade apropriada de músculos.

A vantagem das “caipiras”, no caso, é a rusticidade e a garantia de uma ave alimentada de maneira mais natural, seguindo a tendência de atender a um mercado consumidor que prefere produtos orgânicos.

O acesso a pasto, por permitir mais exercício físico, reduz o estresse e a maior variedade de alimentos influi na formação de músculos, na consistência e no sabor da carne e no rendimento da carcaça, acrescenta o pesquisador. A Esalq já trabalha com uma nova linhagem, de aptidão mista, para produzir carne e ovos.

Outras linhagens – Existem outros materiais genéticos aptos para a criação em regime de pasto. São linhagens desenvolvidas pela iniciativa privada ou por organismos oficiais, como a Embrapa de Santa Catarina, por exemplo. Tem aumentado muito o interesse por esse tipo de criação. Mesmo assim, a demanda continua abaixo da oferta. Por outro lado, cresce em todo o mundo o interesse por produtos naturais e uma empresa já pensa em produzir o frango caipira para exportação.

A criação exige um abrigo, de preferência na área central do pasto, que ofereça proteção contra o vento, chuva e predadores. O espaço recomendado no abrigo é de 1 metro quadrado para cada dez aves. Deve ser dotado de poleiros, comedouros e bebedouros. O pasto deve ter boa cobertura vegetal, com gramíneas de crescimento rápido como quicuio, tifton, estrela ou seda, reservando-se até 3 metros quadrados por ave.

Dentro do abrigo, deve ficar o pinteiro, um círculo fechado por tábuas ou lâminas de metal, com 1,5 metro de diâmetro, para cem aves, aquecido por lâmpada suspensa. É onde os pintinhos passam os primeiros 15 dias. Pela rusticidade dessas aves, elas podem ser abrigadas em construções já existentes, com pequenas adaptações, ou em galpões feitos com material alternativo, como eucalipto, bambu e tábuas, o que reduz o custo da instalação, asseguram os técnicos.

Posto Agropecuário Municipal de Piraju, (14) 3351-2292, e-mail:
[email protected];
Departamento de Genética/Esalq, (19) 3433-6706, e-mail: [email protected]