Redação SI 10/07/2002 – O biodigestor é um equipamento que produz gás natural e fertilizante a partir do esterco dos animais. A Unesp de Jaboticabal (SP), aposta no equipamento para reduzir os custos do cultivo de hortaliças em estufas, como o pimentão.
A Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade Estadual de São Paulo, em Jaboticabal, estuda a tecnologia dos biodigestores há 25 anos. No começo dos anos 80, o Brasil chegou a ter oito mil biodigestores, mas o número começou a cair porque o interesse do sitiante e do fazendeiro era na produção do gás natural, para mover motores e geradores. À medida em que a energia elétrica ia chegando às propriedades, os biodigestores eram desativados.
Os modelos – Hoje o número desses aparelhos está voltando a crescer, principalmente por causa das vantagens ambientais e do interesse na produção do fertilizante natural. A universidade tem os três modelos mais tradicionais. O chinês é o mais simples, com a caixa de entrada que recebe a matéria orgânica, a câmara de fermentação, onde (no caso das fezes de suínos), fica 30 dias e a caixa de saída, para onde vai o fertilizante pronto, livre de 80% dos poluentes. O odor característico dos estrumes desaparece e o produto não atrai moscas.
No modelo indiano a diferença é o reservatório de gás que permite a canalização do metano. O terceiro modelo foi desenvolvido na Holanda, para tratar a água usada na limpeza das baias. Caixas de decantação separam os resíduos sólidos dos líquidos, que seguem para a câmara de fermentação. Desse biodigestor, os agrônomos da faculdade tiram o gás que move a bomba de irrigação e usam os resíduos para uma experiência de fertilização de pimentões em estufa. O adubo sólido é misturado com areia grossa. A parte líquida é adicionada uma vez por dia no sistema de gotejamento.
Os pesquisadores escolheram fazer a experiência com o pimentão porque ele é uma das oito hortaliças mais cultivadas no País e responde bem à adubação orgânica. Em princípio, o sistema pode ser usado para quase todas as culturas. O importante é que o adubo seja jogado na base da planta e como o pimentão cresce em caule, o fruto não entra em contato com o fertilizante. O agrônomo responsável diz que na experiência com 720 pés, o adubo orgânico reduziu em 50% o uso de fertilizantes comerciais.