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Manejo

Bem-estar suinícola

Globo Rural mostra as experiências que estão sendo feitas para mudar a forma de criar suínos em Santa Catarina.

Bem-estar suinícola

Globo Rural mostra as experiências que estão sendo feitas para mudar a forma de criar suínos e o esforço de produtores e frigoríficos de Santa Catarina para se adaptar às novas regras.

Em uma granja de suíno, no município de Xanxerê, oeste de Santa Catarina, os cuidados no manejo foram implantados há mais de cinco anos. Sempre que um lote sai para o abate, é feita a limpeza do local. O caminhão que leva os animais para o abate também passa por uma higienização. No embarque, os suínos são conduzidos em pequenos grupos. Alguns veículos são equipados com um sistema que regula a altura da carroceria. Dessa forma, os animais entram diretamente no nível do piso do caminhão, não correm o risco de cair e não se machucam. “Hoje tem que entregar animais livres de estresse, livres de lesões. Se nós fornecemos animais lesionados, a gente está perdendo”, diz o técnico agrícola Adilson Bertan. Seu Silvino Daí Pra transporta animais há quase 40 anos. “De quando eu comecei até hoje, mudou muito. Praticamente não morrem mais animais e é bem melhor”, conta. Durante o desembarque é usada uma mangueira de ar comprimido para afugentar os suínoss, que saem do caminhão sem lesões.

Em um frigorífico em Chapecó (SC), os suínos são colocados em baias com sistema de resfriamento de temperatura. Uma “garoa fina” ajuda a acalmar após a viagem. Quando os porcos se machucam ou apresentam comportamento fora do normal, são levados para exames. Os suínos liberados seguem para o abate. A unidade utiliza choque elétrico para tirar os sentidos do animal. Desfalecido, ele não reage.Depois de aberta, a carcaça é vistoriada. Quando apresenta lesões ou aparência esbranquiçada, sinais claros de estresse animal, a peça é descartada.

“A gente vem trabalhando em uma parceria com a Embrapa, no sentido de afinar o manejo de pré-abate, a questão do bem-estar animal, sempre visando um produto de qualidade que atinja os objetivos do mercado externo e interno. Se a gente não tiver um controle, um abate humanitário bem controlado, nós não vamos poder exportar”, diz Caciano Antônio Capello, gerente do frigorífico.

Santa Catarina lidera na produção nacional e é o segundo maior estado exportador de carne de porco. Por esse motivo, fiscais agropecuários, funcionários de agroindústrias e produtores estão sendo capacitados para atender às normas internacionais de bem-estar animal. “Esses treinamentos são passados para nós. Quando o suíno chega à unidade, é necessário cuidar para que ele não se estresse e não tenha lesões durante o seu manejo pré-abate”, explica Vianir André Benhem, supervisor de produção.

Além do treinamento, em Concórdia (SC), a Embrapa Aves e Suínos vem desenvolvendo pesquisas sobre boas práticas no trato das criações. Em um sistema, o chão dos galpões é forrado com cama de matéria orgânica, numa camada de 50 centímetros. A matéria orgânica resolve o problema dos dejetos. Os suínos parecem à vontade. O ambiente é sem competição entre os animais, muito diferente do sistema convencional, onde o grupo criado em baias fica agitado.

Numa outra experiência, mais recente, os animais ficam soltos em cercados grandes, com cobertura vegetal e árvores. “O custo de implantação é 30% superior, mas os custos de produção se assemelham muito aos do sistema tradicional”, diz Osmar Dalla Costa, pesquisador da Embrapa. Em cada piquete, cercado com arame, é montada uma cabana de maneira, leve, que pode ser transportada para outro lugar. É ali dentro que as matrizes dão à luz, diferente das gaiolas individuais. “Hoje, a nossa produção animal está baseada, basicamente, num sistema de produção onde os animais são mantidos em celas de parição. Esse sistema está sendo muito questionado, principalmente em função dos problemas de bem-estar que ele apresenta”, explica Osmar.

No sistema experimental da Embrapa, tudo é feito para que os animais se sintam como se estivessem soltos na natureza. “Esse sistema tem um uso significativo na Europa na produção de suínos. O consumidor europeu prefere consumir a carne oriunda da produção de um suíno mais livre em relação ao sistema tradicional”, diz Osmar.

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