“Esta será a última vez que prorrogamos a decisão”. Com essas palavras o advogado Nelson Garey, administrador judicial do Frigorífico Frango Forte, informa não haverá novos prazos. “Da próxima vez, se não houver uma decisão, decretarei a falência do frigorífico”, diz ele, referindo-se à nova reunião agendada para o próximo dia 16, no teatro do Seminário Santa Terezinha, em Tietê (SP).
O novo adiamento foi feito a pedido do Frigorífico Frango Forte alegando que o plano de recuperação não tinha sido concluído pela empresa auditora, a PricewaterhouseCoopers. “Colocamos para votação o pedido de adiamento e 72% dos credores presentes na reunião concordaram com a transferência da nova data”, explica Garey.
“Depois da assembleia, levamos ao conhecimento do juiz responsável pelo caso, um relato sobre a decisão que foi tomada pelos participantes. Tudo é registrado em ata”, acrescenta.
Indústria de boatos – O Frigorífico Frango Forte tem papel fundamental para a economia dos municípios de Tietê e Conchas, onde ficam a sede e a planta de abate, respectivamente. Muitos trabalhadores e produtores rurais dependem direta ou indiretamente da atividade avícola na região. Com o fechamento da empresa, a economia local entrou em colapso.
Durante a intervenção judicial a especulação sobre o destino do Frango Forte foi constante. “Houve até denúncias de que estavam vendendo os bens do frigorífico em Conchas, e tivemos que ir até o local com acompanhamento de um oficial de Justiça para certificar a veracidade”, revela Garey.
Questionado sobre a informação veiculada no Jornal Informativo de Conchas, em sua edição 420 (10.10.2009), de que o Frango Forte estaria contratando 500 funcionários e retomando a parceira com as granjas para a criação de frangos, Garey comentou que também sabia da especulação.
“Teve até um boato, que uma empresa, a Hightec (Agropecuária Hightec Ltda.), estaria assumindo a empresa. Mas até o momento não existe nada concreto”, explicou.
“Isso seria ilegal se ela estivesse falida e tivesse reaberto sem autorização judicial, mas por enquanto ela não faliu. Tudo ainda não passa de boatos. Só iremos conhecer a realidade no próximo dia 16, o ‘Dia D’ da Frango Forte”.
Denúncias – O frigorífico Frango Forte foi alvo de uma série de denúncias feitas pela imprensa em 2008. Uma delas apontava que a empresa comercializava frango congelado com adição de água acima do permitido por lei, lesando o consumidor.
Na época, o Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) realizou uma fiscalização rigorosa no frigorífico, proibindo por dez dias a comercialização dos produtos.
Todos os fatos ocorreram no início da crise econômica mundial, que afetou o abastecimento de milho e soja, em virtude do aumento no preço das commodities. Como resultado, a empresa não conseguiu honrar o fornecimento de rações para as granjas afiliadas, ocorrendo a morte de milhares de aves confinadas.