A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmou as expectativas e promoveu um corte profundo em sua estimativa para a colheita de soja no país nesta safra 2021/22, em decorrência das perdas provocadas pela seca na região Sul do país. Com isso, a projeção da estatal para a produção de grãos como um todo, que em janeiro estava em 284,4 milhões de toneladas, caiu para 268,2 milhões de toneladas, ainda 5% mais que no ciclo 2020/21 e um novo recorde.
Dessa redução de 16,2 milhões de toneladas, o ajuste para a soja respondeu por 15 milhões. De acordo com a Conab, 125,5 milhões de toneladas da oleaginosa sairão dos campos brasileiros nesta temporada, ante as 140,5 milhões previstas no mês passado. A queda em relação à safra passada (138,2 milhões de toneladas) chega a 10,7%, mas mesmo assim o resultado previsto agora é o segundo maior da história.
Por causa da quebra da soja – também evidente na porção centro-sul de Mato Grosso do Sul -, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná deverão colher 10 milhões de toneladas a menos de grãos que o estimado para a safra 2020/21. A Conab corrigiu a conta para a produção total da região Sul em 2021/22 para 68,1 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 12,7%.
Leve ajuste
No caso do milho, que também sofre com a falta de chuvas no Sul, a Conab fez apenas um leve ajuste para a colheita nacional. Previa 112,9 milhões de toneladas em janeiro e agora aponta 112,3 milhões, um aumento de 29% em relação ao ciclo passado, quando houve perdas profundas também causadas por problemas climáticos. A segunda safra é o vetor da recuperação que até agora tende a garantir uma nova colheita recorde de grãos no Brasil: para este ano, a colheita da safrinha continua projetada em pouco mais de 86 milhões de toneladas, 41,7% mais que no ano passado.
A Conab também reduziu a conta para o arroz em 2021/22, de 11,4 milhões para 10,6 milhões de toneladas, volume 10,1% inferior ao colhido no país em 2020/21. Para o feijão, a estimativa permaneceu em 3,1 milhões de toneladas, um crescimento de 6,4% ante a temporada anterior. E também não houve mudança na previsão para o algodão: conforme a estatal, a colheita ficará em 2,7 milhões de toneladas da pluma nesta safra, 15% mais que em 2020/21.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou ontem novas estimativas para a colheita de grãos no país este ano. Foi mais parcimoniosa nos cortes, mas sinalizou que outros ajustes para baixo virão. No total, o órgão passou a prever volume de 271,9 milhões, 5,2 milhões a menos que o projetado no mês passado mas com alta de 7,4% ante 2021.
Para a soja, o IBGE passou a calcular 131,8 milhões de toneladas, com baixa de 4,7% ante a previsão de janeiro mas 2,3% acima do resultado do ano passado. E, como a Conab, indicou que, em alguns Estados, a quebra poderá ser de dois dígitos. No caso do Paraná, por exemplo, a previsão é de queda de 33%, para 13,2 milhões de toneladas, por conta de uma retração de 34,8% no rendimento médio das lavouras.
Para Mato Grosso, maior produtor nacional de soja – e que novamente deverá responder por mais de um quarto da oferta nacional -, o IBGE estimou produção de 37,5 milhões de toneladas, um acréscimo de 5,1% na comparação com o ano passado.
Segundo o IBGE, o volume de produção de milho, apesar da seca no Sul, deverá mesmo voltar à normalidade após problemas climáticos e outros obstáculos terem prejudicado a colheita em 2021. O instituto realçou que, para 2022, a estimativa de produção de 109,9 milhões de toneladas representa um novo recorde, 0,9% acima de previsão anterior e com alta de 25,2% ante 2021.
Para o milho primeira safra, a estimativa é de produção de 27,2 milhões de toneladas, queda de 4,6% em relação à projeção anterior, mas volume 6,1% maior que o de 2021. Mas o IBGE disse que, embora, as chuvas tenham chegado de forma antecipada na maior parte do país, o que permitiu o plantio no tempo certo, a estiagem que se seguiu no Sul derrubou o potencial de produção.
O IBGE informou ainda que, para o milho de segunda safra, sua estimativa de produção é de 82,7 milhões de toneladas, com avanços de 2,9% em relação ao mês anterior e de 33,1% em relação a 2021. A área plantada na safrinha deverá crescer 3,7%.
Quebra argentina
Concluído o plantio de milho na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires cortou em 6 milhões de toneladas sua estimativa para a produção no país em 2021/22, para 51 milhões de toneladas. Em relatório, a bolsa informou que chuvas no norte da Argentina melhoraram as condições de solo, mas não compensaram a queda de produtividade na maior parte das lavouras, plantadas mais precocemente e que enfrentaram meses de seca. A área destinada ao milho é estimada em 7,3 milhões de hectares, 500 mil hectares a mais que em 2020/21. No caso da soja, 32% da área encara seca extrema.