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Suinocultura do Mato Grosso do Sul perde Arão Antonio de Moraes

O dirigente faleceu na sexta-feira (18/02); atualmente na vice-presidência da Asumas, ele ocupou o cargo de presidente de 2008 a 2016 na entidade

Suinocultura do Mato Grosso do Sul perde Arão Antonio de Moraes

NotíciasA Asumas – Associação Sul-mato-grossense de Suinocultores lamenta profundamente a morte do vice-presidente da entidade, Arão Antônio de Moraes, nesta sexta-feira (18/02), vítima de infarto.

Além de pecuarista e agricultor, Arão foi pioneiro na suinocultura de Mato Grosso do Sul e na aplicação de inovações na atividade. Sua família saiu de Iraí (RS), há mais de quatro décadas, em busca de oportunidades e escolheram Mato Grosso do Sul, para empreender no agronegócio.

“Não estávamos em busca de aventuras, mas de uma vida nova e oportunidades”, dizia o senhor Arão.

Iniciaram cultivando lavoura e logo estenderam para suinocultura, na Fazenda Rancho Alegre, localizado no distrito de Anhanduí, 47 quilômetros de Campo Grande.

A suinocultura em MS só começou a se desenvolver a partir de 92, quando suinocultores independentes se juntaram com a Famasul e Sindicato Rural de Campo Grande, buscando junto ao Governo do Estado incentivo fiscal que atraísse a agroindústria. Observando esse desenvolvimento e a chegada de indústrias e construções de frigoríficos, a família resolve começar a investir mais pesado e se preocupar com as instalações e infraestrutura, criando assim a granja, que completa trinta anos em 2022.

Inovação e Sustentabilidade

Um dos grandes destaques do dirigidos pelo senhor Arão na Rancho Alegre, foi a criação, em 2004, do projeto de mecanismo e desenvolvimento limpo, que por meio de biodigestores processam os dejetos dos animais – produzindo assim biogás e fertilizantes, que além de impedir a contaminação do lençol freático e a poluição da atmosfera, por meio do gás metano, o sistema pode ser aproveitado para gerar energia elétrica.

Com esse processo a família passou a investir mais na bovinocultura de corte, setor dirigido até hoje pela filha do Arão, Eleíza Arão. Com suporte da suinocultura ela relata que a propriedade passou a ter uma economia de mais de R$ 100 mil mensais com conta de energia elétrica, já que este recurso passou a ser gerado na propriedade, e sobre a manutenção das pastagens que foi outra vantagem conquistada depois da instalação de biodigestores.

“Nosso sistema de fertirrigação nos permite em um pasto onde qualquer pecuarista colocaria 3 cabeças de gado por hectare, conseguimos 10 em período de chuva. Temos um sistema maravilhoso, os dejetos do porco retornam em biogás e biofertilizantes, com os geradores conseguimos abastecer 100% da propriedade, ou seja, abastecemos com energia elétrica as 20 casas das famílias que vivem aqui, toda a granja, os secadores de grãos e a fábrica de ração”, comemora a pecuarista.

A instalação dos biodigestores não trouxe apenas produção sustentável e energia elétrica, com a economia gerada, foi possível investir na atividade, o que automaticamente gerou um impacto positivo para região. Hoje, de acordo com a família, a granja possui mais de 2.700 matrizes, com cerca de 84 funcionários, além de gerar mais de 1344 empregos indiretos.

Mulheres

Com incentivo do senhor Arão, a matriarca da família, Jussara Feltrin Moraes, dividiu a administração dos negócios, junto da Eleíza, e juntas decidiram investir na contratação de outras mulheres para as atividades.
Segundo Jussara a participação feminina proporcionou melhorias expressivas nos resultados da atividade e atualmente as mulheres representam 30% da mão de obra empregada.

A Asumas lamenta profundamente a morte de Arão Antônio de Moraes, um precursor da suinocultura sustentável do Estado. A entidade deixa o reconhecimento ao ex-presidente, que dirigiu a Asumas de 2008 a 2016, além de outros cargos na diretoria em outras gestões.