Redação AI (02/03/06)- No Estado de São Paulo, referência para a cotação do produto, a média de preços do quilo de frango vivo em fevereiro caiu 27,5% em relação a fevereiro de 2005, para R$ 1,00, segundo a Jox Assessoria Agropecuária, e recuou 3,8% na comparação com janeiro.
“Existe uma superoferta de frango, resultante da expectativa de queda das exportações. O consumo mundial está encolhendo, com o aumento dos casos de gripe de aves”, diz Oto Xavier, da Jox. A produção de pintos de corte aumentou 10% no ano passado, para 4,7 bilhões de unidades, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco). A produção não deve crescer este ano e poderá cair, conforme o desempenho das exportações.
“Desde 2001, a produção cresce, em média, 8% ao ano, principalmente, devido às exportações”, diz o secretário-executivo da Apinco, José Carlos Godoy. Ele conta que uma das conseqüências da possível queda dos embarques de carne de frango será a diminuição da idade da utilização das matrizes para menos de 70 semanas, ante a média atual de 70 a 74 semanas. “As matrizes abatidas são vendidas como carne de galinha ou para fabricação de embutidos”, diz.
Em janeiro, os embarques de carne de frango somaram 213,720 mil toneladas, com aumento de 14% em relação a janeiro de 2005, mas recuo de 13% na comparação com dezembro, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef). A Abef atribuiu a retração à queda do consumo de carne de frango em países importadores, que resulta em aumento dos estoques mundiais. “O país mais afetado pela redução do consumo mundial é o Brasil, que lidera as exportações”, afirma Godoy.
Na avaliação do analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, porém, não existe relação entre gripe de aves e menor consumo de carne de frango. “Não há dados de redução de demanda, mas projeções de queda. Se o consumo mundial de frango estivesse caindo, o de carne suína, por exemplo, estaria explodindo”, conta Molinari. Para ele, o excesso de oferta no mercado interno resulta do embargo de mercados como a Rússia e a União Européia ao Paraná, maior estado exportador do produto, e do câmbio desvalorizado. O preço do quilo do frango vivo em São Paulo caiu 22,2% em fevereiro, para R$ 1,05, segundo a Safras & Mercado.