Redação (06/02/2008)- É no Estado de Mato Grosso do Sul, onde mais de 80% dos sojicultores já utilizam a soja transgênica em suas lavouras, que está o maior interesse, hoje, em ampliar a área plantada com soja GM (geneticamente modificada). De acordo com levantamento da Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), realizado em janeiro de 2008, o índice de produtores interessados é de 75% no MS, o maior índice do Brasil, seguido pelo Paraná, com 73%.
O mesmo levantamento mostra que os benefícios da soja geneticamente modificada, que é tolerante aos herbicidas, são percebidos pela grande maioria dos agricultores brasileiros que plantaram a variedade transgênica na safra 2005/2006. De acordo com a pesquisa, 92% desses produtores aprovam o desempenho da semente geneticamente modificada (GM) em suas lavouras.
A Coodetec ouviu 518 agricultores das principais regiões produtoras de soja do País (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, Tocantins e Goiás), dos quais 69% afirmaram ter plantado o grão transgênico. E mesmo considerando aqueles que sequer haviam testado a soja GM, 69% também sinalizaram ter intenção de adotar as sementes geneticamente modificadas nas próximas safras.
Em Mato Grosso do Sul, segundo Ricardo Hilman, fiscal Federal Agropecuário do Serviço de Sanidade Agropecuária, da Superintendencia Federal de Agricultura em Mato Grosso do Sul, a produção total de sementes de soja em Mato Grosso do Sul foi de 35.822,70 toneladas, levando-se em conta soja convencional e mais soja transgênica.
A produção de semente de soja transgênica foi de 15.296,76 toneladas. Isso representa que 42,70% da produção de sementes no Estado foi de semente transgênica. É preciso levar em conta, porém, que a produção de semente de soja transgênica em Mato Grosso do Sul é comercializada também fora do Estado.
Panorama geral
O melhor desempenho da soja GM deu-se na região Sul, onde 95% dos entrevistados afirmaram que continuariam a utilizar a soja tolerante a herbicidas.
Segundo Izaias de Carvalho Borges, pesquisador do Núcleo de Economia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pesquisa confirma uma tendência natural de crescimento da adoção da biotecnologia agrícola no País. "Desde a entrada da soja tolerante a herbicida no Brasil, a área plantada com culturas transgênicas cresce consideravelmente todos os anos", diz. "E isso somente ocorre porque o agricultor reconhece as vantagens da semente GM, como mostra o levantamento".
"A transgenia é uma ferramenta segura e de uso opcional, que oferece vantagens significativas do ponto de vista econômico e ambiental, já que também reduz o uso de agrotóxicos", observa o diretor-técnico da Coodetec, Ivo Marcos Carraro. "O levantamento disponibilizado reflete a avaliação prática de nossos agricultores", complementa.
Além de comprovar a aprovação da soja transgênica, a pesquisa da Cooperativa Central, que tem sede em Cascavel (PR) e atuação em todo o País, ainda revela que não são apenas o ganho de produtividade e a redução de custos que motivam os agricultores brasileiros a adotar a variedade. Na realidade, os fatores mais decisivos também incluem o melhor controle de pragas e doenças e trato cultural — citado por quase 90% dos agricultores — e a simplicidade e a facilidade na condução da lavoura, lembrados por cerca de 80% dos entrevistados.