Redação (12/02/2008)- O Conselho Nacional de Biossegurança (composto por onze ministros) voltará a se reunir hoje para decidir sobre os recursos administrativos impetrados pelo Ibama e pela Anvisa contra a liberação do uso comercial das duas variedades de milho geneticamente modificadas (OGMs) já autorizadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), o Liberty Link, da Bayer e o Guardian, da Monsanto. Em 29 de janeiro, o chamado Conselhão decidiu adiar a votação com o argumento de que dois dos seus integrantes não haviam recebido o parecer preparado pelo Ministério da Agriculturas: a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o da Saúde, José Gomes Temporão. Com isso, a maioria dos conselheiros preferiu então adiar a decisão na expectativa de que os dois ministros compareceriam hoje à reunião melhor preparados.
Depois de frustradas inúmeras vezes as expectativas de ver finalmente aprovado o uso comercial do milho transgênico, a comunidade científica agora volta as suas atenções para a reunião, em que pode ocorrer o desfecho em relação à decisão da CTNBio no fim do ano passado de liberar os dois produtos. Caberá ao Conselho Nacional de Biossegurança a palavra final sobre essa questão. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, disse ontem em São Paulo acreditar que o CNBS irá, desta vez, aprovar o milho transgênico. Coube a Stephanes preparar o relatório solicitada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para que os ministros participantes do Conselhão dispusessem de subsídios para poder decidir sobre a liberação dessas variedades de milho transgênico. Como relator, o ministro da Agricultura afirmou que ser favorável a liberação do milho geneticamente modificado e espera uma posição igual do conselho.
O despreparo de Temporão para deliberar sobre a liberação das variedades transgênicas também surpreendeu alguns representantes da comunidade científica. A alegação de que não teria recebido o parecer do Ministério da Agricultura não é aceitável, segundo a presidente da Conselho de Informações sobre Biotecnologia (Cib), Alda Lerayer. Para ela, o ministro da Saúde só pode estar mal assessorado. "Seus auxiliares, no mínimo, deixaram de entregar o documento ao ministro".