Redação (12/03/2008)- De pouco adianta o produtor conseguir um bom volume de milho se o grão não for comercializado logo ou se ele ficar armazenado incorretamente. As perdas por armazenamento inadequado são consideráveis e chegam a mais de 15% do peso inicial dos grãos de milho. Este índice significa que entre 45% e 50% dos grãos foram atacados por insetos. Aos 15%, pode ser acrescentada uma perda entre 5% e 10% por causa do ataque de ratos.
O principal cuidado que o produtor deve ter, de acordo com o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Jamilton Pereira dos Santos, é que o milho esteja bem seco, com umidade entre 14% e 16%. Também é importante que se faça a separação das espigas despalhadas (que já perderam as palhas de cobertura), já que apenas as espigas com bom empalhamento devem ser armazenadas. “Os grãos das espigas despalhadas devem ser utilizados primeiro porque é normalmente neles que a infestação por insetos se inicia e se propaga para o restante dos grãos”, explica Jamilton, que trabalha na área de controle de pragas de grãos armazenados.
Podem ser divididas em três as principais espécies de insetos-praga que atacam o milho armazenado. A primeira e mais conhecida é o gorgulho ou caruncho do milho, cientificamente chamado Sitophilus zeamais. A segunda é uma pequena mariposa de cor amarelo-palha (conhecida como traça dos cereais e cujo nome científico é Sitotroga cerearella), que mede entre 5mm e 6mm de comprimento, quando em pouso. E a terceira espécie é formada por pequenos besouros de cor castanho-escura que medem entre 2mm e 3mm e têm o nome científico de Sitophilus oryzae. Jamilton conta que o caruncho, tanto na forma jovem como na adulta, se alimenta do grão de milho, comprometendo a qualidade nutricional e causando redução no peso do grão.
Outra praga que causa prejuízos ao milho armazenado são os ratos, tanto os conhecidos como camundongos – geralmente pequenos – como os chamados ratos de telhado – geralmente maiores. “Os ratos, além de destruírem grande quantidade de grãos, incorporam mau cheiro pela urina, que pode contaminar os grãos com bactérias causadoras de doenças como a leptospirose, que chega a causar aborto e até a morte tanto em animais como em humanos”, explica o pesquisador.
Controle de pragas – Não é fácil saber o início do ataque dos insetos, pois eles já vêm do campo junto com o milho. No entanto, segundo Jamilton, “para evitar maiores danos, recomenda-se adotar um método eficiente de controle, como o uso do expurgo com fosfina, que é um método barato e muito eficiente, além de não deixar resíduo ou odor desagradável nos grãos”.
No caso dos ratos, é possível impedir que eles cheguem às espigas e as estraguem. Uma opção, voltada principalmente para os agricultores familiares, é o paiol Balaio de Milho. Desenvolvido em conjunto pela Embrapa Milho e Sorgo e pela Emater-MG, ele dificulta a entrada de ratos por conter uma chapa de zinco por toda sua base e facilita o expurgo do milho para controle de insetos. Jamilton diz que o controle do ataque dos ratos, neste paiol, é total e as perdas, portanto, não existem; já as perdas provocadas por insetos chegam a, no máximo 0,5% do peso dos grãos. As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa Milho e Sorgo.