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Valorização da soja não garante plantio maior no Brasil

O Brasil apresentou tímido crescimento de área plantada da oleaginosa na safra corrente (1,6%), ritmo que deve continuar lento também na próxima.

Redação (13/03/2008)- Apontado por analistas como o único país capaz de aumentar, no curto prazo, a oferta de soja mundial a ponto de trazer mais equilíbrio com a demanda – que não recua, mesmo com a alta do preço do grão – o Brasil apresentou tímido crescimento de área plantada da oleaginosa na safra corrente (1,6%), ritmo que deve continuar lento também na próxima. Em Mato Grosso, maior produtor nacional do grão, a falta de capital para investimentos, o imbróglio ambiental e a baixa rentabilidade dos produtores de algodão (que também plantam soja) devem limitar a incorporação de novas áreas para esta lavoura.

Na avaliação de analistas de mercado e produtores, os cotonicultores de Mato Grosso – de médio e grande porte – vão conseguir, no máximo, ceder parte da área da pluma para a soja na próxima SAFRA; sem investir para incorporar terras novas. Os mesmos produtores que detêm os 400 mil hectares de algodão cultivados no estado também plantam 1,6 milhão de hectares de soja. Ou seja, eles têm o equivalente a 28,5% da área total do estado com a oleaginosa. "Em torno de 70% da pluma que será colhida em junho deste ano foi negociada no passado a patamares entre 58 e 60 centavos de dólar por libra-peso, valor praticamente abaixo do custo de produção da safra, que ficou entre 60 e 62 centavos", conta João Luís Ribas Pessa, conselheiro da Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa).

Assim, "uma parte do resultado da soja deverá servir ao produtor para compensar as eventuais perdas com algodão", avalia Fernando Pimentel, diretor da Agrosecurity.

Além de falta de recurso para investir em novas áreas, o produtor de algodão de Mato Grosso já tem metade da SAFRA do ano que vem comprometida com compradores. "A dificuldade adicional é que os cotonicultores têm muitos investimentos em máquinas e algodoeiras, além de mão-de-obra especializada, o que restringe a migração para outras culturas", diz Pessa.

Na safra atual – em fase de colheita – a área plantada com soja cresceu 9,5% no estado, atingindo 5,6 milhões de hectares. No entanto, está abaixo dos 6,2 milhões de hectares recordes da temporada 2005/06. Glauber Silveira, presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), acredita que o acréscimo de área no próximo ciclo, cujos insumos já começaram a ser negociados, não deve ultrapassar 300 mil hectares, basicamente de terras migradas do algodão e de pastos degradados. "As outras já abertas têm solo mais arenoso e, portanto, demandam muita adubação, cujo custo está altíssimo", completa Silveira.

Há ainda, segundo ele, outros 10 milhões de hectares a serem abertos sem ferir legislação ambiental (quase o dobro da área ocupada com essa cultura hoje no estado)."No entanto, essas áreas estão mais ao Norte de Mato Grosso e, com essa pressão ambiental, não conseguimos licença para abrir áreas, ainda que legais", diz.

Na safra atual, o Brasil cultivou 21 milhão de hectares, segundo a Conab, acréscimo de 1,6%. Pimentel acredita que, além de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Tocantins e Piauí têm potencial para ampliar área. Mas esse crescimento não deve superar 5%. Segundo ele, além de as dívidas rurais não terem sido renegociadas, do alto custo logístico da região e da elevação do custo de produção, há a barreira psicológica do trauma da safra 2004/05. "Mesmo que volte a crescer, não será no ritmo de 2001 a 2005", diz