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Perdas no MT com a ferrugem já acumulam US$ 3,45 bi em cinco safras

Este número leva em conta a queda da produtividade (em torno de 10%) e os custos com a aplicação de fungicidas para controlar a doença.

Redação (02/04/2008)- As perdas dos produtores mato-grossenses com a ferrugem asiática – doença provocada por um fungo que ataca as folhas da soja e reduz a produtividade do grão – já alcançam a cifra de US$ 3,45 bilhões nas últimas cinco safras. Este número leva em conta a queda da produtividade (em torno de 10%) e os custos com a aplicação de fungicidas para controlar a doença. O montante dos prejuízos contabilizados por Mato Grosso corresponde a 30% dos números nacionais (US$ 11,5 bilhões), segundo informações levantadas pela Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT).

De acordo com a entidade, bons fungicidas demandam investimento de até US$ 27 por hectare a cada aplicação. “Se um foco aparece, o produtor terá que usar fungicidas curativos, com custos mais altos, e as aplicações deverão ser realizadas, em intervalos menores de tempo, demandando um maior investimento por parte do produtor”, explica o gerente técnico da Aprosoja, engenheiro agrônomo Luiz Nery Ribas.

Este ano, a incidência maior da ferrugem pode ser verificada em lavouras de Sapezal, Campo Verde, Nova Mutum e Canarana. “Em algumas localidades, há produtor colhendo de 35 a 40 sacas por hectare ante uma média de 55 sacas no início da colheita”, diz o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.

Por conta deste cenário, a previsão para a safra é de que a colheita atinja uma média de 50 sacas por hectare. Se o volume for alcançado, ficará apenas 0,56% acima da produtividade verificada no ano passado, o que representa um volume de três toneladas por hectare.

“Por enquanto, estamos trabalhando com números menores que os divulgados no levantamento mais recente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e, portanto, ainda não podemos comemorar o aumento da produtividade”, afirma Nery Ribas.

Segundo ele, este ano os produtores sofreram dois golpes da ferrugem: o primeiro foi a queda da produtividade e, o segundo, os custos com os fungicidas. “Para se ter uma idéia, os prejuízos só com a aplicação de fungicidas gira em torno de US$ 63, para uma média de 2,5 aplicações. Se considerarmos até quatro aplicações, este custo pode subir para US$ 108, o que inviabilizaria a atividade para o produtor”.

O agrônomo afirmou que os custos atuais chegam a empatar com a rentabilidade média da lavoura de soja. “Colhemos em média 50 sacas por hectare, mas os custos também estão neste mesmo patamar considerando que as despesas chegam a 27 sacas com insumos e aplicações de fungicidas e 23 sacas referentes a custos operacionais (óleo diesel e mão-de-obra)”, conta.

SAFRA 07/08 – De acordo com a Aprosoja, a ferrugem asiática está se alastrando por todas as lavouras de Mato Grosso nesta reta final de colheita. A doença fúngica, que no início de março foi detectada com grande incidência no leste do Estado, agora está detectada em todas as regiões. Glauber Silveira lembra que com as fortes chuvas que vêm caindo nos últimos dias, a doença se espalhou por todas as plantações e a “expectativa é de que ao final da colheita a produtividade fique entre 5% e 10% menor em algumas regiões”.

Na avaliação de Nery Ribas, o quadro é difícil e o governo federal deve intervir imediatamente, liberando produtos genéricos e a partir disso possibilitar a queda nos preços do medicamento para o produtor. “Não há outra saída, pois os sojicultores estão descapitalizados. Ou o governo dá este socorro ou a agricultura ficará definitivamente inviabilizada”, alerta.