Redação (18/04/2008)- Quando queremos manter um rebanho de suínos livre de determinadas doenças é necessário que conheçamos como são transmitidas e quais queremos evitar. Algumas doenças são quase impossíveis de serem mantidas fora de um rebanho (ex: parvovirose). Sempre que o rebanho suíno de uma granja é atingido por uma doença, a primeira pergunta que o produtor faz é a seguinte: onde foi que eu errei.
Alguns agentes causadores de doenças são bastante oportunistas, outros com virulência alta (agressivo), porém, basta um descuido ou uma atitude que o produtor não considera importante para que o problema atinja o rebanho suíno. Várias são as formas de introdução de agentes causadores de doenças e entre muitas, podemos destacar:
Aerossóis (pelo ar): Esta é uma forma às vezes difícil de ser avaliada devido a muitas variáveis que não podem ser controladas (temperatura, umidade, ventos), porém experimentos realizados comprovam que esta forma de transmissão é perfeitamente possível, principalmente nas regiões onde a densidade de suínos é grande e as propriedades muito próximas umas das outras e de diferentes tipos de criação.
Rações e Água: Estudos científicos demonstram que os alimentos fornecidos aos animais podem ser uma importante fonte de contaminação. Uma prática bastante comum é o transporte de suínos para os frigoríficos em caminhões cuja carroceria não está preparada para tal fim e que retornam para as propriedades transportando milho e farelo de soja a granel. Acontece que a limpeza dos caminhões não é 100% eficaz ficando resíduos de fezes nas frestas da carroceria que vão contaminar estes dois componentes que são importantes na formulação de rações para suínos (ex: salmonella spp, fungos e/ou micotoxinas). A água fornecida aos animais também deve ser uma preocupação constante dos produtores pois a mesma pode ser veículo de transmissão de várias enfermidades. Deve ser fonte de conhecida que não seja de cursos naturais e armazenada em reservatórios protegidos, limpos e desinfetados, no mínimo a cada seis meses.
Funcionários e visitantes: O fluxo de pessoas entre as unidades produtoras de suínos normalmente é muito grande e é, sem dúvida um fator de risco. Os funcionários de uma granja, por força de contrato de trabalho ficam proibidos de possuírem em suas casas suínos de fundo de quintal. Devem ser treinados e conscientizados que são responsáveis pela manutenção da saúde dos animais onde trabalham. Devem comunicar sempre aos proprietários ou seus superiores quando visitarem parentes ou amigos que criam suínos sem nenhum tipo de controle sanitário. Neste caso o vazio sanitário é obrigatório de no mínimo 48hs com banho e troca de roupas e botas de borracha da granja. Um exemplo típico é o transporte do vírus da Febre Aftosa e da Influenza Suína por pessoas. Quanto aos visitantes, sempre que possível devemos evitá-los pois também constituem um componente de alto risco principalmente se estas forem oriundas de regiões onde foram registrados focos de doenças infecto-contagiosas de elevado impacto econômico. Ex: Febre Aftosa, Aujesky, Peste Suína Clássica, entre outras.
Condições Ambientais: Considerando que a maioria das fases do ciclo de produção é desenvolvida em galpões com menor ou maior grau de ventilação, concluímos que esta torna-se uma variável no seu interior. O ambiente tem efeito direto sobre o conforto e o estado de saúde dos animais. Em condições adequadas, estabelece-se um equilíbrio entre os agentes causadores de doenças presentes no meio ambiente e os mecanismos de defesa do animal. Portanto recomenda-se que um estudo profundo das variáveis relacionadas ao meio ambiente sejam respeitadas com o objetivo de melhorar o conforto ou bem estar do animal evitando assim problemas futuros.
Sêmen: A inseminação artificial é um método de reprodução que apesar de ser um processo de disseminação de material genético pode também ser um causador de prejuízos ao produtor. Isto acontece porque o criador muitas vezes adquire sêmen de reprodutores lotados em centrais de I.A clandestinas não registradas no MAPA ou centrais de I.A localizadas em granjas cujo excedente é comercializado para terceiros, sem o mínimo de controle sanitário. Estes estabelecimentos devem ser denunciados ao serviço oficial Cidasc sob o pretexto de causarem prejuízos não só para o produtor que adquire o sêmen para suas matrizes como para a região. Toda central de I.A deve ser registrada no MAPA e possuir certificado de GRSC.
Roedores: Os roedores são apontados como transmissores de nada menos que 32 enfermidades tanto para o homem como para os animais. A mais preocupante na área da suinocultura é a leptospirose, que pode trazer prejuízos incalculáveis principalmente na área reprodutiva. Portanto o controle destes é muito importante.
Moscas: Os insetos são vetores importantes na transmissão de enfermidades entre granjas. As moscas podem voar a uma distância de até 1,5km transportando agentes causadores de feridas purulentas, das diarréias, e agentes de doenças causadas por vírus ex: Doença de Aujeszky. Ainda entre as bactérias, as moscas transmitem a causadora da meningite streptocócica que também pode infectar seres humanos. Devem também ser controladas com produtos eficazes.
Pássaros, animais silvestres e de estimação: Estes também são considerados como uma das fontes mais importantes de transmissão de enfermidades. Todos devem ser controlados e mantidos o mais distante possível das instalações.
Referências Bibliográfica: Programa de Biosseguridade de Dr. Jurij Sobestiansky e observações pessoais.