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Exportações de carne contrariam a lógica

Nos três primeiros meses de 2008, o Paraná exportou 24% mais carne, enquanto os embarques brasileiros caíram 21% no período.

Redação (29/04/2008)- Quase três anos depois de perder o status de área livre de febre aftosa com vacinação, o Paraná volta a ganhar espaço no mercado exportador de carne bovina. Com isso, o estado caminha na contramão da tendência nacional. Neste ano, enquanto as vendas externas do produto recuam no Brasil, as exportações paranaenses crescem. Nos três primeiros meses de 2008, o Paraná exportou 24% mais carne bovina, enquanto os embarques brasileiros caíram 21% no período.

Dados do Sindicato das Indústrias da Carne do estado (Sindicarnes/PR) mostram que as exportações paranaenses avançaram de 2,9 mil toneladas no primeiro trimestre de 2007 para 3,6 mil toneladas no acumulado deste ano. No Brasil, por outro lado, houve queda no volume exportado. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Carne (Abiec), entre janeiro e março deste ano, 536,6 mil toneladas do produto deixaram o país, enquanto em igual período de 2007 foram exportadas 647,1 mil toneladas.

A queda nos embarques nacionais, contudo, não se traduziu em receita menor, graças aos preços elevados praticados tanto no mercado externo quanto no interno. Conforme a Abiec, o faturamento brasileiro com as exportações de carne bovina foi 9% maior nos três primeiros meses de 2008, passando de US$ 1,07 bilhão em 2007 para os atuais US$ 1,17 bilhão. No Paraná, por óbvio, o faturamento cresceu ainda mais, já que além de serem beneficiados por preços altos, os paranaenses também exportaram mais. No estado, as receitas com as vendas externas de carne bovina no primeiro trimestre de 2008 foi de US$ 9,3 milhões, 66% a mais que os US$ 5,6 de igual período de 2007.

Boa notícia para o pecuarista paranaense, sem dúvida. Mas é importante frizar que não se trata de uma explosão repentina de euforia em meio à elevação generalizada dos preços internacionais das commodities agrícolas. No caso do Paraná, o crescimento dos embarques de carne bovina observado neste início de 2008 é muito mais uma retomada de mercado do que uma ampliação.

A perda de terreno foi deflagrada pela declaração do foco de febre aftosa no estado, em outubro de 2005, e teve peso importante para a economia do Paraná porque aconteceu justamente em um período em que a carne brasileira ganhava espaço no mercado internacional. Entre 2004 e 2007, os embarques nacionais cresceram 33% em volume e 74% em receita. No Paraná, nesse mesmo período, as exportações recuaram 78% em volume e 81% em receita.

Desde 2005, quando foi anunciado o foco da doença, a participação do Paraná no total das exportações brasileiras de carne bovina vem caindo gradualmente. Há quatro anos, antes da doença, a contribuição paranaense nas vendas externas nacionais era de quase 4%. Em 2005, após o anúncio do foco, a participação caiu para menos de 1%.

Agora em 2008, a contribuição paranaense nos embarques nacionais continua pequena, ainda inferior a 1%, mas o avanço com relação ao fundo do poço, em 2007, é evidente. Naquele ano, o Paraná exportou apenas 10,4 mil toneladas de carne bovina, o equivalente a 0,6% das vendas brasileiras.

A existência da febre aftosa no Paraná nunca foi comprovada, mas o estado foi penalizado por ter trazido centenas de cabeças gado de áreas com aftosa do Mato Grosso do Sul e até hoje ainda não é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de aftosa com vacinação. Amanhã, um comitê da organização se reune para avaliar o reconhecimento do Paraná como área livre da doença, mas um parecer definitivo sobre a retomada do status só deve ser anunciado em meados de maio, quando acontece a assembléia geral da OIE, em Paris, na França.