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Disparada no preço dos insumos agrícolas preocupa produtor

Segundo represente de uma associação, empresas de insumos vêm fechando parcerias e formando grande monopólios, que lhes dão a condição de impor o preço.

Redação (30/04/2008)- O fato do preço da saca de arroz ter atingido em torno de R$ 32,00 e superar o custo de produção da lavoura arrozeira gaúcha, de R$ 26,28, não trouxe a euforia desejada aos produtores. Com os olhos já voltados para a próxima safra (2008/2009), a disparada no preço dos insumos, como o adubo de base e cobertura que subiu 130% em um ano, desmotiva os produtores a realizar investimentos na cultura.
O presidente da Federação das Associações dos Arrozeiros do Estado (Federarroz), Renato Rocha, diz que o produtor fica a mercê do mercado, já que é o setor produtivo é o único que não põe preço no seu produto. “Além de ficar refém do clima, sobre o qual eles não têm controle e que ora ajuda, ora atrapalha, o mercado é que põe o preço”, diz Rocha.
Segundo ele, nos últimos anos, empresas de insumos vêm fechando parcerias e formando grande monopólios, que lhes dão a condição de impor o preço. “Antes a culpa era do alto valor do dólar, e hoje que a moeda baixou e está entre R$ 1,60 e R$ 1,70, os preços continuam subindo”. Muitas destas empresas detêm de 20% até 40% do mercado e não oferecem opção ao produtor, que acaba arcando com os custos, diz.

A Federarroz defende a intervenção do Governo a fim de estabelecer determinada ordem e evitar a colocação de aumentos abusivos nestes insumos, que na grande maioria, têm na sua composição matérias-primas importadas. “A alegação agora é a elevação dos preços no mercado internacional”.
Rocha destaca, que recente pesquisa de mercado feita pela federação, indicou reajuste de abril do ano passado para este ano, de 72% no preço do frete por tonelada, 40% no dessecante (glifosato), 30% na tonelada da uréia e 60% no custo da semente. Além disso, houve reajuste de 16% no custo por hectare da aplicação aérea, em média 16% no quilovate hora da energia elétrica. “A estimativa para a próxima safra é de um custo de produção de 29% a 30% maior.”
Para reduzir os seus custos e seguir produzindo, o arrozeiro deve buscar aumento de produtividade, maior eficiência de gastos e controle de custos, racionalizar insumos e aqueles que ainda têm crédito, lutar para mantê-lo.

Deputado defende criação de conselho paritário
O deputado estadual Jerônimo Goergen (PP) defende a criação de um conselho paritário para definir e regular preços de insumos e fertilizantes agrícolas, nos mesmos moldes do atual Conselho Estadual do Leite (Conseleite) e mais recentemente do Conselho Paritário do Setor Suinícola (Consuíno), ainda em implantação. “Trata-se de uma forma de organizar o mercado e estabelecer um preço mínimo e máximo também para os adubos e fertilizantes.”
Segundo Goergen, a criação deste conselho não se dá do dia para a noite e necessita da nomeação de uma universidade para realizar análise técnico-científica e também para que o setor entenda a sua função. “A proposta começa a ganhar corpo e a idéia de realizar uma audiência pública sobre o assunto será submetida aos demais deputados, amanhã, na Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa Assembléia Legislativa.”
A iniciativa surgiu após reuniões de Goergen com produtores do Sindicato Rural de Panambi. No encontro, o parlamentar recebeu informação que os insumos agrícolas subiram até 117% desde fevereiro. O problema extrapola o âmbito estadual e é tratado também na Câmara Federal pelo deputado Luiz Carlos Heinze.