Redação (12/06/2008) – As iinformações sobre essas cultivares, que atendem às condições específicas de cada região, são geradas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada à Secretaria da Agricultura, por meio de um programa que conta com a parceria da Embrapa e das empresas produtoras de sementes. Há também o apoio da Fundação Triângulo de Pesquisa de Desenvolvimento, de Uberaba, que administra os recursos do programa.
O trabalho de identificação das cultivares, de acordo com as características das regiões de produção, é feito pelo Ensaio Estadual de Híbridos de Milho, do Centro Tecnológico do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (CTTP) da Epamig, em Uberaba. Para o coordenador do programa, José Mauro Valente Paes, “a pesquisa agropecuária do Estado é de fundamental importância como suporte para os programas que buscam o aumento da produção e produtividade agrícola”. Ele cita entre esses programas, a indicação dos híbridos de milho.
Um híbrido de vegetal é resultado do cruzamento de variedades diferentes e serve apenas para o plantio. Conforme explica o coordenador, o replantio de híbridos é proibido por lei e, caso algum produtor ignore a proibição terá prejuízo com a perda de produtividade. Ele acrescenta que o híbrido de ciclo precoce de milho tem como principais características o potencial de rendimento dos grãos, além da sanidade da planta. Segundo Paes, o maior volume de indicações para as grandes regiões produtoras de Minas (Sul, Noroeste, Triângulo e Alto Paranaíba) é para os híbridos simples de milho.
As indicações das cultivares adequadas para cada região são feitas com base em ensaios realizados pela Epamig, em parceria com a Embrapa, universidades e empresas do setor de sementes no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Sul de Minas, Centro e Zona da Mata. A empresa instalou, nessas regiões, 25 pontos ou pequenas áreas para o cultivo sob condições controladas e com o objetivo de gerar resultados que serão apresentados aos produtores locais. “Em cada local foram plantados 36 híbridos de milho”, acrescenta Paes.
O plantio desses híbridos identificados pela Epamig tem possibilitado uma produtividade de 120 a 140 sacos de 60 quilos por hectare/ano, acrescenta o coordenador. De acordo com Paes, há lavouras que conseguem até 170 sacos por hectare e há o exemplo de lavouras de São Sebastião do Paraíso, no Oeste do Estado, que alcançaram 210 sacos por hectare no ano passado.
“Nosso trabalho gera orientação para o produtor, que muitas vezes fica em dúvida sobre o híbrido mais indicado para o cultivo em sua propriedade, pois há diversos híbridos no mercado e uma disputa muito forte entre as empresas que produzem híbridos de milho.” De acordo com coordenador, a informação agronômica é de fundamental importância nesse caso, sobretudo em razão da importância econômica do milho para o Estado.
Produtividade crescente: Minas Gerais, segundo maior produtor de milho do Brasil, tem estimativa de uma produção da ordem de 6,5 milhões de toneladas para a safra 2007/08. Ao fazer esta projeção, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que o volume previsto será 5% maior que o da safra passada. Para o Superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria da Agricultura, João Ricardo Albanez, o aumento da produção de milho em Minas Gerais é resultado, principalmente, da utilização de tecnologia, conjugada com uma situação climática favorável nas principais regiões produtoras.
“A projeção de aumento da produtividade nas lavouras de milho do Estado em relação ao ano passado é de 9,5%, enquanto no Brasil é de 8,7%”, explica Albanez. Ele enfatiza que a tendência é de ascensão contínua dos números do setor em Minas.” Números levantados pelo IBGE e organizados pela Secretaria da Agricultura confirmam o predomínio dessa tendência desde 1994.
A produtividade de milho em Minas em 1994 alcançou quase 2,5 mil quilos por hectare. O Estado já apresentava média de produtividade superior à do Brasil, que foi de cerca de 2,4 mil quilos por hectare. Cinco anos depois, em 1999, a produtividade de milho em Minas Gerais alcançou pouco mais de 3 mil quilos por hectare e, no Brasil, a produtividade do grão ficou em 2,8 mil quilos por hectare.
Em 2004, a produtividade do milho no Estado saltou para 4,5 mil quilos por hectare. Já o país teve produtividade de 3,4 mil quilos por hectare.
No ano seguinte, seria ainda maior a diferença relativa da produtividade do milho de Minas sobre a registrada na safra nacional do produto: 4,6 mil quilos por hectare contra 3 mil quilos.
Destaques regionais: Para a safra 2007/08, a previsão é de uma produtividade de 4,9 mil quilos de milho por hectare no Estado. Segundo o coordenador técnico estadual de Culturas da Emater-MG, Wilson José Rosa, a região Sul do Estado, com a maior área plantada, sofreu ligeira redução nos últimos três anos, mas houve compensação pelo aumento da produtividade, saindo de 5,1 mil quilos por hectare em 2003/04 para 5,2 mil quilos por hectare em 2007/08. A região Sul participa da produção de milho do Estado com cerca de 1,4 milhão de toneladas estimadas para o ano agrícola 2007/08.
As regiões do Alto Paranaíba, Triângulo e Noroeste de Minas apresentaram maior crescimento em produtividade, com substancial elevação na média de produtividade, acrescenta Wilson Rosa. A média no Alto Paranaíba superou a estadual, pois os números na região evoluíram de 6,3 mil quilos por hectare na safra de 2006/07 para mais de 6,4 mil quilos. Já as lavouras do Triângulo tiveram aumento de mais de 6 mil quilos para uma previsão de quase 6,2 mil quilos por hectare. Na região Noroeste, a produtividade do milho foi de 5,6 mil quilos por hectare e para a safra 2007/2008 estão previstos cerca de 6 mil quilos por hectare. Esses números resultam da utilização de tecnologia e investimentos na produção”, destaca o coordenador de Culturas.
Wilson Rosa diz que mesmo as regiões Norte de Minas e Jequitinhonha, que passaram por períodos de estiagens prolongadas nos últimos anos, apresentam performance de estabilidade. “As ações do governo, por intermédio da Secretaria da Agricultura e suas vinculadas, têm contribuído para esta evolução”, assinala o coordenador. Na área da extensão rural ele cita, entre outros, o programa Minas Milho, que estimula o plantio nas áreas de produção pecuária e de transformação do grão, dando suporte às parcerias entre agricultores, pecuaristas e industriais.
Há também o programa Sul Milho, com ações no Sul do Estado; o Noroeste Milho na respectiva região; o programa de melhoria da cultura do milho na região Central e na Zona da Mata; além de trabalhos no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. “Esses programas envolvem vários eventos técnicos, entre eles as Vitrines de Milho realizadas em todas as regiões produtoras, as quais são realizadas em parceria com instituições de pesquisa, universidades, empresas de iniciativa privada, ligadas principalmente à área de sementes, entre outras”.
Além disso, a Secretaria da Agricultura, com a participação da Emater-MG estimula a adoção, em todo o Estado, do sistema de integração lavoura, pecuária e floresta. O objetivo é alcançar a produção sustentável, que dá resultados econômicos, sociais e ecológicos. Neste sistema, o plantio integrado de milho com uma gramínea, por exemplo, garante o alimento para os animais na entressafra e a palhada para o plantio direto da safra seguinte.