Redação (18/06/2008)- Trinta mil produtores de milho poderão contar, na próxima safra, com um importante aliado para aumentar os lucros com as plantações. Trata-se de um inseticida biológico para combater a Spodoptera frugiperda, conhecida popularmente como lagarta do cartucho. A solução será produzida no Laboratório de Fitossanidade, no Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde funcionará a Biofábrica de Produção de Bacillus thuringiensis, nome da bactéria capaz de exterminar a principal praga do milho no Brasil, causadora de perdas de até 40% da safra do grão.
O bioinseticida será distribuído gratuitamente a grandes produtores e agricultores familiares do Estado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), dentro do Programa de Distribuição de Sementes e Mudas. A bactéria evitará o uso de inseticidas químicos (agrotóxicos) nas plantações, recurso usado atualmente para combater a praga, mas que provoca danos ao meio ambiente e riscos à saúde da população que consome esses alimentos.
Esse benefício foi destacado ontem pela manhã, durante a inauguração da biofábrica no Pici, pelo vice-governador do Estado, Francisco Pinheiro, e, ainda, pelo titular da SDA, Camilo Santana.
Congelamento
As 30 mil doses do Bacillus protegerão 30 mil hectares contra a praga. Cada solução usa o arroz como substrato e deve ser congelada em freezers, geladeiras ou isopores com gelo até ser pulverizada nas plantações. Os pacotes serão enviados para as regiões do Cariri, Centro-sul, Inhamuns, Maciço de Baturité e Sertões de Crateús, as principais produtoras de milho do Estado.
A tecnologia será operada pela UFC, com financiamento do governo do Estado. O investimento inicial para a instalação da biofábrica foi de R$ 100 mil, sendo R$ 78 mil dos cofres estaduais e R$ 22 mil como contra-partida da UFC. O Estado aplicou mais R$ 34 mil para a compra de equipamentos para o laboratório. O titular da SDA espera que com a distribuição para a safra 2008-2009, o Ceará ultrapasse a marca de um milhão de toneladas de grãos de milho no próximo ano. Para 2008, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê uma safra recorde 836.363 toneladas de milho. Vale lembrar que o Ceará é o segundo maior produtor de milho do Nordeste.
A tecnologia de uso do Bacillus thurigiensi subcultivada em arroz na lagarta do cartucho foi descoberta pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, em Minas Gerais, Fernando Hercos Valicente. Ele explica que essa bactéria já é utilizada no Brasil, mas que a experiência cearense será a primeira de produção em larga escala para combate à praga do milho e subvencionada pelo poder público. Valicente destaca ainda que uma grande vantagem é a ausência de danos ao meio ambiente, visto que o microorganismo usado é uma espécie natural do solo. Outra vantagem é o baixo custo: cada dose custará menos de R$ 1,00 aos cofres públicos.
Segundo Camilo Santana, os bioinseticidas serão distribuídos assim que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) anunciar o início da quadra invernosa de 2009. Os 30 mil agricultores beneficiados representam 40% dos produtores do Estado. O coordenador de Agricultura Familiar da SDA, Itamar Lemos, informou que técnicos da Ematerce serão capacitados para ensinar os agricultores a manejar o bioinseticida. O diretor do Centro de Ciências Agrárias da UFC, Sebastião Medeiros, garantiu que a Universidade está preparada para a produção em larga escala.
Mais informações:
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) (85) 3101.8000
Centro de Ciências Agrárias da UFC, (85) 3366.9731 / 9732