Redação (30/06/2008)- Acreína, no sudoeste goiano, já foi um dos maiores produtores de algodão do estado, mas o maquinário abandonado mostra bem o que aconteceu. A maioria dos produtores trocou o algodão pela cana. Das 13 algodoeiras que funcionavam, hoje apenas uma está em atividade. "Com essa brusca redução da área plantada de algodão, várias algodoeiras da região ficaram sem ter matéria prima para estarem processando", diz João Matos, presidente da cooperativa.
Estas mudanças atingiram também outra ponta da cadeia produtiva.
Nos armazéns mais antigos de Acreúna, que começaram a funcionar em 1974, já estocaram mais de 60 mil toneladas de milho. Hoje a situação é de portas fechadas e lá dentro só tem máquinas paradas.
"A nossa unidade, ela tá pronta pra receber todo o tipo de grão, soja milho sorgo, né, feijão. Basta apenas que haja a demanda pra que a gente volte a funcionar", diz Márcio Figueiredo, dono do armazém.
Hoje pode se dizer que sobram armazéns em Acreúna. A situação é semelhante a encontrada em outros municípios goianos tanto que a Conab aponta o estado de Goiás como tendo mais armazens do que grãos.
Situação bem diferente da que o agricultor enfrenta em Mato Grosso.
O milho safrinha enche os olhos do agricultor Célio Riefel. Na lavoura com 580 hectares em Sinop, norte de Mato Grosso, a produtividade chega a 90 sacas por hectare. Seu Celio conta que comprometeu 30% da produção na troca por insumos. A outra parte ele não pretende vender agora. "Eu programei um armazém para estocar e vender mais pro final do ano. Lá pra setembro, outubro, na hora que o preço melhorar", diz ele.
Mato Grosso deve colher quase 6,5 milhões de toneladas de milho safrinha, 27% a mais do que no ano passado.
A colheita ainda está no começo. Nem 10% do milho safrinha cultivado em Mato Grosso chegou aos armazéns. Mesmo assim, os primeiros negócios já sinalizam que pode faltar espaço para armazenar a produção até o final da safra.
O gerente de um armazém afirma que os silos ainda estocam parte da soja colhida na safra de verão. Além disso, o recebimento do milho safrinha deve aumentar ainda mais nas próximas semanas. "Ainda é muito cedo pra dizer que pode faltar armazém, mas existe essa possibilidade porque nós estamos agregando um valor de 30% a mais de produção do grão de milho em relação a safra 2006/2007. Depende muito se este produto vai sair logo daqui para as indústrias", diz Wellington de Paula, gerente do armazém.