Cerca de cinco bilhões de aves migram anualmente ao redor do mundo, desempenhando um papel vital na conectividade entre diferentes ecossistemas e assegurando a sobrevivência de futuras gerações. No entanto, durante essas extensas jornadas, uma parcela dessas aves torna-se portadora e disseminadora de doenças, como o vírus H5N1, responsável pela gripe aviária.
O Brasil, este ano, registrou pela primeira vez casos da doença, com quase 150 focos até o momento, predominantemente em aves migratórias. O auge ocorreu em maio, no final do ciclo migratório anterior. As aves normalmente se deslocam entre setembro e dezembro, coincidindo com o outono no Hemisfério Norte e a primavera no Hemisfério Sul, resultando no Brasil recebendo novamente essas “visitas”. Já em setembro, observou-se o segundo maior número de focos no ano.
O desafio persiste em evitar que a contaminação, que ocorreu principalmente no litoral, atinja as granjas, prejudicando o comércio de frango e ovos. A migração é preocupante, uma vez que, até a última sexta-feira, o país acumulava 148 focos de gripe aviária em 2023, sendo o primeiro ano com casos de H5N1 no Brasil.
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Embora as aves migratórias desempenhem um papel crucial nos ecossistemas, conectando diferentes regiões e assegurando a sobrevivência de outras gerações, a migração apresenta desafios significativos. O país é o maior exportador de carne de frango do mundo e o segundo maior produtor global, o que torna essencial a prevenção da disseminação da gripe aviária para granjas de produção em larga escala.
Até o momento, os casos envolvendo aves de criação foram limitados a pequenas propriedades no litoral, sem registros de contaminação em pessoas. O Instituto Butantan trabalha no desenvolvimento de uma vacina para a gripe aviária, utilizando cepas vacinais cedidas pela OMS desde janeiro.
A propagação do H5N1 pela América do Sul a partir de 2022 atingiu países antes considerados protegidos. A Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil detectaram casos, com o Brasil registrando o pico de 44 focos em maio e o segundo maior número, 30, em setembro. Os focos em aves migratórias se concentraram principalmente no litoral, longe dos centros de produção de frango e ovos.
Apesar dos riscos, as aves migratórias continuam a ser fundamentais para os ecossistemas, exigindo medidas de proteção rigorosas. A indústria avícola, em conjunto com órgãos governamentais, implementou regras de higiene e controle, além de restrições a exposições e eventos com aglomeração de aves.
Diante dos primeiros casos no país, o Ministério da Agricultura declarou emergência zoossanitária até maio de 2024, permitindo ações rápidas de erradicação e a mobilização de recursos. O monitoramento das rotas migratórias e a identificação de espécies são prioridades para prevenir a disseminação da doença, com projetos que incluem a microchipagem de aves para análises e acompanhamento com GPS, possibilitando medidas preventivas antes do início de novos ciclos migratórios.