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BIOENERGIA

ISI Biomassa e Instituto alemão vão converter resíduos em energia limpa

ISI receberá duas plantas para a conversão de biomassa residual da Fraunhofer, uma em escala laboratorial

ISI Biomassa e Instituto alemão vão converter resíduos em energia limpa

Tecnologias refinadas e cada vez mais inovadoras são cruciais para encontrar soluções para reduzir o uso de recursos fósseis. A parceria entre o ISI Biomassa (Instituto SENAI de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas, e o Instituto Fraunhofer UMSICHT, da Alemanha, ampliará o potencial de pesquisa para transformar resíduos em energia limpa.

Segundo o gerente de Negócios e Gestão do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, a rede de Institutos Senai de Inovação foi inspirada e implementada com a consultoria da rede de Institutos Fraunhofer da Alemanha, liderada pelo Fraunhofer IPK. “Hoje, com essa parceria, temos a oportunidade de transferir as tecnologias desenvolvidas por eles, que podem ser aplicadas pela nossa equipe usando matérias-primas locais.”

Para o pesquisador Robert Daschner, chefe do departamento de Tecnologias Avançadas de Conversão de Carbono do Fraunhofer UMSICHT, em uma indústria que pode prescindir de carbono fóssil, a biomassa será uma das fontes de carbono do futuro. “O Brasil possui um dos maiores potenciais de biomassa no mundo, especialmente para resíduos biogênicos previamente não utilizados. Esse potencial pode ser realizado com a ajuda de nossa tecnologia.”

O ISI receberá duas plantas para a conversão de biomassa residual da Fraunhofer, uma em escala laboratorial com capacidade de 2 quilogramas por hora e outra em estágio piloto com capacidade de 30 quilogramas por hora. Ambas as plantas incorporam a tecnologia patenteada de Reforma Termo-Catalítica (TCR) inventada pelo Fraunhofer UMSICHT. A tecnologia revolucionária tem a capacidade de gerar hidrogênio, combustíveis sintéticos e biofertilizantes a partir de vários tipos de biomassa residual, como lodo de esgoto, resíduos de plantas de biogás, resíduos de madeira, resíduos de biomassa industrial, como grãos gastos ou lodo de reciclagem de papel, palha e outros resíduos agrícolas até esterco de cavalo ou gado.

“Já temos vários projetos sendo planejados para usar essa tecnologia, o que nos torna ainda mais referência em pesquisa aplicada na transformação de biomassa no Brasil”, enfatiza o gerente do ISI Biomassa.

De acordo com o pesquisador industrial do ISI Paulo Renato dos Santos, a inovação permitirá o desenvolvimento simultâneo de diferentes projetos focados na produção de novos biocombustíveis e também produtos químicos verdes, utilizando várias biomassas e resíduos existentes no país. “Assim, iremos auxiliar as indústrias brasileiras a atingirem seus objetivos e metas de sustentabilidade”, destaca. O TCR é um sistema que converte eficientemente biomassa e resíduos em óleos e gases combustíveis, incluindo hidrogênio renovável, com alto grau de utilização de energia. Ele transforma a biomassa em três produtos: biochar, óleo e syngas, a partir dos quais podem ser derivados combustíveis sintéticos ou materiais básicos para a indústria química. Desenvolvida e patenteada pelo Instituto Fraunhofer UMSICHT, a tecnologia é única no mundo, especialmente devido às altas qualidades dos produtos que podem ser alcançadas. Plantas-piloto de TCR de vários tamanhos estão atualmente em operação no Chile, Suíça, Itália e Canadá como parte de projetos de pesquisa ou colaborações acadêmicas. A maior planta de demonstração de TCR com capacidade de 12 toneladas por dia é operada pelo Fraunhofer UMSICHT na Alemanha/Baviera, construída como parte do projeto europeu To-Syn-Fuel.

O interesse global e o estado avançado de desenvolvimento mostram o potencial de transformação da tecnologia TCR, especialmente se matérias-primas locais forem utilizadas e os sistemas forem adaptados a elas. Hidrogênio a partir de biomassa local e a possibilidade de ampliar a produção – Dada a urgente necessidade de descarbonização e o uso de matérias-primas renováveis para combater o aquecimento global e seus impactos negativos, incluindo uma redução substancial no uso de fontes fósseis e nas emissões de gases de efeito estufa, o principal objetivo da parceria é a geração de hidrogênio renovável, derivado de biomassa e denominado “musgo verde”.

A pesquisa visa possibilitar o uso apropriado de diferentes fontes de biomassa para a produção de energia, biocombustíveis e insumos no Brasil, com foco na diversidade de matérias-primas nacionais. Com o apoio do instituto Fraunhofer, a intenção é desenvolver e disseminar tecnologias adequadas ao contexto brasileiro. O hidrogênio é considerado uma ótima alternativa para substituir os combustíveis fósseis. Embora o hidrogênio verde, gerado por meio de eletrólise da água com energia renovável, seja favorecido, o alto custo e os desafios tecnológicos para escalabilidade de produção são um desafio. Portanto, o hidrogênio musgo surge como uma opção promissora, especialmente considerando a natureza agrícola de Mato Grosso do Sul e região.

Segundo Paulo Santos, o objetivo geral é contribuir para expandir o conhecimento e desenvolver tecnologias para a produção de hidrogênio renovável a partir da valorização de biomassa agroindustrial e resíduos, minimizando os impactos ambientais causados pelo descarte inadequado.

A biomassa tem o potencial de gerar biogás e biometano, que poderiam então ser convertidos em hidrogênio. A tecnologia implementada no ISI também permite o desenvolvimento de diferentes projetos com alto potencial para escalabilidade industrial e forte integração com outros processos a serem instalados no estado.

Sociedade Fraunhofer – A Sociedade Fraunhofer, sediada na Alemanha, é a principal organização de pesquisa aplicada do mundo. Seu principal objetivo é preencher a lacuna entre a produção acadêmica e a indústria, sendo a inspiração para a cria