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Grãos

Incerteza faz produtor diminuir venda da soja 22/23

Alto custo de produção, presença do fenômeno La Niña e eleição são alguns dos motivos para atraso na comercialização antecipada da safra; percentual de venda está abaixo da média dos últimos 5 anos

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A comercialização antecipada da safra 22/23 de soja está atrasada no Brasil. A consultoria Datagro revelou que 15% das vendas da safra que ainda vai ser semeada foram feitas até agora, contra uma média de 25% a 30% nos últimos cinco anos neste mesmo período. O atraso nas negociações é fruto de um cenário de incertezas para a nova temporada, o que freia o interesse de antecipar decisões. Entre as questões que justificam o adiamento das vendas, os agricultores apontam preocupações com efeitos do fenômeno La Niña na produção, alta dos custos e efeitos das eleições na política econômica a partir de 2023, por exemplo.

O La Niña representa um risco climático para a produção. Tradicionalmente, o fenômeno gera menos chuva na região centro-sul e mais chuvas no centro-norte. A depender da intensidade do fenômeno, pode haver uma frustração na produção e por isso a justificada preocupação do setor agro. Daqui a poucos dias vai ser dada a largada para o plantio da safra nova e a projeção da Datagro é de aumento mínimo de 3 milhões de hectares na área de soja. Se o La Niña não prejudicar o desenvolvimento das lavouras, o Brasil poderá colher 152 milhões de toneladas, um volume recorde, projeta a empresa.

Outro fator de impacto na tomada de decisão de adiar as vendas é o alto custo de produção. Em alguns casos, o custo chegou a subir até 100% no acumulado de duas safras. Para a conta fechar no azul é preciso garantir preços altos que remunerem o desembolso elevado. Por isso, também, muitos agricultores estão preferindo esperar e ver se no futuro a margem de renda fica menos achatada do que atualmente está. Por fim, a eleição é apontada como efeito retardador de decisão pelo alto grau de incerteza que gera. A depender da política econômica adotada pelo governo a partir de 2023, o câmbio poderá representar eventuais oportunidades ou desafios. Na ausência de um cenário claro, a maioria dos agricultores está preferindo esperar para vender a produção antecipadamente. (Rádio Jovem Pan/Kellen Severo)