O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse hoje que, apesar do pedido do presidente Jair Bolsonaro para que os empresários não aumentem os preços dos alimentos, a indústria de carne de aves e suínos “não tem outra coisa a fazer”.
Mesmo com o repasse aos consumidores, as empresas ainda não conseguiram absorver todo aumento de custo de produção ocasionada pela alta nas cotações do milho.
“O presidente está pedindo para não subir o preço nas prateleiras, mas não temos outra coisa a fazer”, afirmou durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo ele, os preços da carne de frango e de suíno aumentaram 15% e 20% nos supermercados, respectivamente, enquanto as subidas nos custos alcançaram 40% e 44%.
“Existe um espaço imenso [de aumento de preço] só para chegar perto da sobrevivência das empresas”, completou. A ABPA representa gigantes do setor, como a BRF (dona da Sadia e da Perdigão) e a Seara (da JBS).
Santin disse que, perante o aumento no custo do milho, algumas indústrias estão comprando trigo para alimentar os animais. “Hoje, mais uma empresa comprou 35 mil toneladas de trigo do Paraguai”.
O diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, reforçou que não existe cenário de falta de milho, mas que o abastecimento interno deve sofrer alterações em função dos preços.
“Ajustes serão feitos nas perspectivas de abastecimento. Haveria exportação, mas como há necessidade maior no mercado interno parte do milho deve voltar para mercado interno para atendê-lo por meio de washout. Não vemos dificuldade em quantidade na questão do milho”, afirmou na mesma reunião.
A melhora do clima nos Estados Unidos deve favorecer a queda nos preços de Chicago e o início da colheita da segunda safra no Brasil, mesmo que abaixo do esperado, devem atenuar as cotação. “Quer nos parecer que haja atenuação da questão dos preços com câmbio menos favorável a exportações e a chegada da safra”.
Sobre o pedido para isentar a comercialização de milho do PIS/COFINS, ele afirmou que o Ministério da Agricultura já enviou uma nota técnica ao Ministério da Economia solicitando a medida. “Nas primeiras conversas não teve muita dificuldade, mas ainda tem discussões a serem feitas já que é renúncia fiscal”.