O endividamento dos produtores rurais é menor que a média nacional, de acordo com um estudo da empresa de informações de crédito Serasa Experian, que incluiu alguns dos principais Estados da agropecuária nacional no comparativo. Nessas unidades da federação, 15,6% dos produtores rurais estão endividados, segundo o levantamento, enquanto o endividamento médio da população adulta é de 37,7%.
Feita em junho deste ano, a pesquisa baseou-se em dados de 95 mil produtores de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. Os gaúchos apareceram com o menor índice de inadimplência (11,3%), e os tocantinenses, com o maior (43,4%). Em Tocantins, o percentual de endividados no agro supera a média da população geral, que é de 41,5%.
Segundo Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, o endividamento do campo menor que o da população geral pode ser reflexo do bom desempenho do setor durante a pandemia da covid-19. Ele ressalta que o agronegócio continuou gerando empregos e renda nesse período, além de contar com preços favoráveis à comercialização.
“Os ganhos dos produtores se mantiveram e, em alguns casos, até cresceram. Isso permitiu a muitos deles conseguir pagar as contas e evitar a negativação”, disse Rabi, em nota.
No caso do Tocantins, o economista afirma que o endividamento elevado tem relação com a baixa renda mensal cos trabalhadores do campo – no Estado, 64,4% dos produtores recebem até R$ 2 mil por mês. “Mais da metade dessas pessoas têm ganhos muito baixos em comparação com os demais Estados analisados. Com o aumento dos preços dos insumos, das contas básicas e da taxa de juros, fica mais difícil manter o orçamento doméstico em ordem, e a inadimplência aumenta”, explica. O Paraná tem o menor percentual de produtores rurais com renda mensal de até R$ 2 mil (25,5%).
Quanto maior a renda, menor o endividamento, segundo o estudo, que mostra que a inadimplência é sensivelmente menor entre os produtores rurais com ganhos mensais acima de R$ 10 mil. A maioria dos endividados tem renda na faixa de R$ 2 mil a R$ 4 mil.
O endividamento também tende a ser menor entre os produtores rurais mais velhos. A faixa de produtores com mais de 60 anos é a que menos deixa de honrar seus compromissos financeiros (14,1%), enquanto os que mais devem têm entre 31 a 40 anos (20,7%).