O desempenho do agronegócio gaúcho, entre julho e setembro de 2021, apresentou um crescimento de 59,5% nas exportações em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Departamento de Economia e Estatística, da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG) do estado, o Rio Grande do Sul alcançou 4,79 bilhões de dólares exportados, mais de 1,79 bilhão do que no terceiro trimestre de 2020.
A soja não apenas manteve a liderança da participação das exportações como passou a representar quase 3/5 do valor arrecadado pelas commodities no período. O grão representa 59,8% do que foi negociado pelo RS, muito à frente das carnes, em segundo lugar, com 13,5%.
“Uma parcela significativa do crescimento observado é explicada pelo retorno à média dos níveis de produtividade da safra de 2021, somada à variação nos preços médios do produto em dólar, fruto da dinâmica do mercado internacional”, explica o pesquisador Sérgio Leusin Júnior.
Entre as baixas, o arroz puxou a queda nos números do setor de cereais, farinhas e preparações (menos 54,7 milhões de dólares e -37,3%). E o fumo não-manufaturado (menos 86,8 milhões de dólares e -28,1%) foi o responsável pelo desempenho negativo da indústria fumageira.
Crescimento também no acumulado do ano
No acumulado do ano, o aumento é menor, proporcionalmente, passando de 8 bilhões registrados nos primeiros noves meses de 2020 para 11,5 em 2021 — cerca de 43% a mais. Novamente, a soja representa mais da metade dessas exportações.
“Até setembro, o Rio Grande do Sul exportou um volume equivalente a 60% da produção de soja colhida no território. Nos próximos meses, a comercialização irá concorrer com a soja norte-americana, o que pode gerar pressões nos preços no mercado internacional”, destaca Leusin.
Queda no emprego formal do setor
O Rio Grande do Sul registrou saldo negativo de 3.264 postos de trabalho com carteira assinada no agronegócio no terceiro trimestre de 2021. O resultado, segundo os especialistas, é reflexo da sazonalidade da produção agrícola gaúcha e nas atividades da indústria ligada ao segmento. No mesmo período de 2020, a redução foi de 1.137 empregos.
“O segundo e o terceiro trimestres são marcados pela desmobilização parcial da mão de obra admitida por tempo determinado nos primeiros meses do ano para a safra de verão. Em 2021, refletindo a recuperação da produção agrícola, a contratação de trabalhadores temporários foi maior no primeiro trimestre, e isso ajuda a explicar a maior perda de empregos nos últimos meses”, analisa o pesquisador do DEE/SPGG Rodrigo Feix.
Considerando os três segmentos que constituem o agronegócio, “antes”, “dentro” e “depois” da porteira, a maior perda foi registrada no segmento “depois da porteira”, composto por atividades agroindustriais. O resultado é explicado principalmente pela dinâmica da indústria do fumo, que registrou saldo negativo de 8.306 postos de trabalho entre julho e setembro.
O segmento “antes da porteira”, formado por atividades de fornecimento de insumos, máquinas e equipamentos, teve saldo positivo de 1.807 postos, e o “dentro da porteira”, constituído pelas atividades agropecuárias, registrou criação de 702 empregos formais no período.
Ao final do terceiro trimestre de 2021, o agronegócio contava com 353.553 vínculos ativos de emprego com carteira assinada no Rio Grande do Sul. No acumulado do ano, entre janeiro e setembro, o setor registrou saldo positivo de 16.774 empregos, um aumento em relação ao mesmo intervalo de 2020 (+7.760 postos). Considerando o conjunto da economia gaúcha (mais 132.646 postos), o agronegócio foi responsável por 13% do saldo de empregos formais criados entre janeiro e setembro.