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Peste Suína Africana

Entenda porque é tão difícil o combate ao vírus na China

A recontaminação dos rebanhos é um dos principais desafios para a erradicação da doença no país

Entenda porque é tão difícil o combate ao vírus na China

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Ainda que a China esteja se esforçando para ampliar a produção de suínos em médias e grandes granjas, que são mais tecnificadas, o rebanho gigantesco – 1,1 bilhão de cabeças -, as dimensões continentais e as criações de subsistência tornam o combate à Peste Suína Africana (PSA) muito mais difícil. No entanto, outro fator também contribui para dificultar o trabalho de erradicação da doença: a facilidade de reincidência.

A recontaminação dos rebanhos é um dos principais desafios para a erradicação da PSA no país. A grande resistência do vírus e o período baixo de incubação no animal (cerca de 5 a 20 dias) tornam o combate à disseminação mais difícil. A possibilidade é de que a China passe por uma situação similar à da Rússia, onde o vírus da PSA está presente desde 2007.

 

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Existem várias variáveis que podem refletir na sobrevivência ou não do vírus da PSA no ambiente. De acordo com o pesquisador Luizinho Caron, da Embrapa Suínos e Aves, em condições favoráveis as cepas podem sobreviver por mais de um ano, o que favorece novos surtos.

A recontaminação é também um problema apontado pelo analista do Rabobank no Brasil, Wagner Yanaguizawa. Isso deve impactar, sobretudo, nas criações de suínos de quintal. No entanto, a produção chinesa deve crescer mesmo diante desse cenário nos próximos anos.

 

AMBIENTES IDEIAS PARA O VÍRUS SOBREVIVER

Os ambientes úmidos, protegidos do sol e com presença de proteína são favoráveis para as cepas da PSA. A carcaça de um javali presente embaixo de uma árvore pode ser um exemplo. Regiões com clima mais frio acabam sendo ideais, diferentemente de países tropicais, como o Brasil, aponta Luizinho Caron. “A carne resfriada ou congelada também pode ajudar, porque preserva o vírus até por anos”, cita ainda.

Ao longo do último ano, foram comuns imagens e notícias de suínos mortos, infectados pelo vírus, jogados em rios chineses.  “Por tudo o que estamos vendo acredito que os chineses vão ter problemas sérios de recontaminação”, avalia Caron.

“Sem dúvidas, enquanto o vírus não for eliminado, a recontaminação dos rebanhos suínos da China deve acontecer de forma contínua”, observa ainda Wagner Yanaguizawa. Vários fatores estruturais favorecem esse cenário de recontaminação dos rebanhos, ele aponta.

Um dos pontos importantes, de acordo com ele, é que grande parte dos animais contaminados foram enterrados como forma de descarte. “Então criou-se outro problema com relação a recontaminação, pois a presença do vírus em material de origem suína pode se manter ativo por muito tempo”, comenta.

China

PSA PODE ESTAR ATÉ SOB AS UNHAS HUMANAS

O homem pode ser um dos principais carreadores do vírus da PSA. De acordo com Luizinho Caron, o vírus sobrevive bem na natureza e até no corpo humano. Assim, pode estar presente inclusive embaixo das unhas.

“Se uma pessoa manipulou um animal infectado, como javali, mesmo tomando banho, se não for bem tomado, escovada em todas as partes, o vírus permanece”, diz. Desse modo, essa mesma pessoa ao entrar em contato com suínos pode contaminar o rebanho.

 

RÚSSIA SOFRE COM A PSA HÁ 13 ANOS, MAS PRODUÇÃO AVANÇOU

A recontaminação de rebanhos foi um problema vivido pela Rússia desde que o vírus da PSA chegou ao país, em 2007, aponta o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves. “A Rússia teve recontaminação, até mais de uma vez, porque o vírus pode permanecer na granja”, cita Luizinho Caron.

A PSA chegou à Rússia em 2007 e até o fim do ano passado havia registros de novos casos da doença em suínos. Luizinho Caron aponta que foram registrados pelo país ao longo desse tempo em torno de 1000 surtos. O saldo foi de 800 mil suínos mortos ou sacrificados. “A produção de suínos de quintal reduziu para a metade”, conta.

Apesar disso, a Rússia conseguiu ampliar seus plantéis e dobrar a produção de carne suína ao longo desse tempo. Em 2007, o país produziu 1,64 milhão de toneladas da proteína. Já em 2020, a previsão é de que a suinocultura russa gere em torno de 3,33 milhões de toneladas, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

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