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Biocombustível

Estudo aponta perspectivas de crescimento para o biogás até 2040

Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) contou com a colaboração da Abiogás, que prevê retomada dos investimentos após crise causada pela pandemia da Covid-19

Estudo aponta perspectivas de crescimento para o biogás até 2040

A Agência Internacional de Energia (IEA) publicou, no mês de março, relatório em que apresenta as perspectivas de crescimento do biogás e biometano no mundo até 2040. O estudo, que contou com a colaboração da Abiogás (Associação Brasileira de Biogás), mostra que existe uma disponibilidade de matérias-primas sustentáveis gigantesca, cujo potencial técnico para a produção de biogás e biometano é enorme e, ao mesmo tempo, inexplorado.

O estudo tomou como base o ano de 2018, em que a produção de biogás foi de 35 milhões de toneladas equivalentes (Mtoe), muito aquém do potencial calculado pela IEA de 570 Mtoe de biogás e 730 Mtoe de biometano. De acordo com a análise, o aproveitamento total deste potencial poderia suprir 20% da demanda atual de gás mundial. Entre os insumos utilizados estão resíduos da agricultura, dejetos de animais, resíduos sólidos urbanos, águas residuais e resíduos florestais.

De acordo com a análise da IEA, há potencial para a produção de biogás em cada parte do mundo e a oferta de matérias-primas para este fim deve crescer em torno de 40% até 2040. O relatório aponta que as maiores oportunidades para este mercado estão em toda a região da Ásia-Pacífico, onde o consumo e a importação de gás natural vêm crescendo rapidamente nos últimos anos, como também, na América do Norte, América do Sul, Europa e África.

Este potencial deve crescer rapidamente nas próximas duas décadas, com base no aumento da disponibilidade de várias matérias-primas em uma economia global crescente, que contará com a melhoria na gestão dos resíduos e programas de coleta que se desenvolvem em muitas partes do mundo.

Agência projeta redução de custo global

Ao contrário do Brasil, em muitos países o custo de produção do biometano ainda é mais caro do que o do gás natural, o que deverá se reverter nos próximos anos de acordo com a análise apresentada no relatório. Isto porque as tecnologias vêm se aprimorando e ficando mais acessíveis, além do fato de que a redução nas emissões de gases do efeito estufa em decorrência da substituição dos combustíveis fósseis pelo gás renovável contribui bastante para melhorar a competitividade do biometano.

O presidente da Abiogás, Alessandro Gardemann, ressalta que o biogás terá um papel complementar ao do gás natural no mercado brasileiro, competindo com outros energéticos substitutos mais caros, como o diesel e o gás liquefeito de petróleo (GLP), usado nos botijões de cozinha. “O biogás tem a vantagem de poder ser produzido próximo ao local de consumo, o que favorece o seu fornecimento em regiões do País que não contam com estrutura de gasodutos”, destacou ao comentar sobre as peculiaridades do setor nacional em relação ao relatório de abrangência global.

Sobre o atual momento de crise no país deflagrado pela epidemia do novo coronavírus, Gardemann afirma que ainda é cedo para uma avaliação mais precisa, mas lembra que os projetos de biogás em desenvolvimento hoje no país são de médio a longo prazo, ou seja, com conclusão prevista para depois do período de pico da pandemia, previsto para agosto, segundo o Ministério da Saúde. “Vamos precisar de projetos para a retomada econômica, e o biogás é uma solução para o interior do país. Vai ser a forma mais barata e sustentável de produzir energia”, prevê.

Biogás de aterros sanitários em todo o mundo podem alavancar produção

O estudo da IEA aponta caminhos para a produção mundial que poderiam chegar a três vezes e meia a oferta atual de biogás a um custo igual ou até mesmo inferior ao do gás natural. Se em todas as regiões do mundo os aterros sanitários contassem com sistemas para transformação do metano em biogás, por exemplo, seria possível atingir 8% do potencial mundial, de acordo com projeção da agência.

Para a IEA, o biogás tem um papel fundamental em um cenário de desenvolvimento sustentável, que vai ao encontro de todas as metas mundiais traçadas para enfrentar as mudanças climáticas, melhorar a qualidade do ar e fornecer acesso a uma energia moderna, atingindo os objetivos  do Acordo de Paris.

Para o vice-presidente da Abiogás, Gabriel Kropsch, um dos responsáveis pela revisão do estudo, o trabalho com a IEA reforça atuação da Associação com os órgãos especializados nacionais e internacionais. “A ABiogás procura contribuir com o setor de biogás e biometano de forma geral. A nossa atuação é principalmente nacional, mas estar presente em uma publicação de uma instituição com a IEA mostra a nossa representatividade diante do mundo”, destacou.